O
Seminarista - Bernardo Guimarães
O Seminarista é obra do escritor mineiro
Bernardo Guimarães, lançada no ano de 1872. Bernardo Guimarães não era apenas
um excelente escritor, mas era também um homem antenado, que acompanhava
fortemente os assuntos que rodeavam sua cidade e seu país. Assim, quando houve
a forte campanha jornalística no Rio de Janeiro contra o episcopado – situação
que ficou marcada na história do Brasil como “Questão Religiosa” – Guimarães
havia compreendido que o assunto estava em alta, e que seria interessante
abordá-lo. O romance lhe rendeu grande popularidade, foi bem aceito pela crítica
e se tornou um clássico da Literatura Brasileira.
Amizade
inocente
No interior de Minas Gerais, duas crianças
de famílias diferentes eram criadas juntas. Tratava-se de Eugênio, filho de um
casal de fazendeiros, e de Margarida, filha de uma funcionária da fazenda dos
pais de Eugênio. Os dois passaram a infância juntos, e viveram uma bela
amizade, cheia de companheirismo e cumplicidade. Um acompanhou a evolução do
outro, não apenas como pessoa, mas como homem e mulher. Conforme foram
crescendo, começaram a reparar um no outro com olhos diferentes, não mais de
amigos, mas de pessoas que se amavam. Apaixonados, não conseguiam esconder o
quanto ansiavam estar juntos, e seus pais rapidamente perceberam o que estava
acontecendo.
Afastamento
forçado
Com medo de que o rapaz, herdeiro da fazenda
e dos bens da família, se envolvesse com a moça de classe inferior, seus pais
decidiram lhe enviar para o seminário e obrigá-lo a servir a vocação cristã.
Assim foi feito, mas mesmo longe Eugênio foi incapaz de esquecer Margarida, e
vice-versa. Os anos se passaram e quando já estava mais maduro, Eugênio decidiu
que iria embora do seminário para viver sua vida da forma que quisesse, e
certamente procuraria por Margarida. Cientes do que estava por trás da
motivação do filho, os pais de Eugênio procuraram os padres do seminário e lhes
fizeram um pedido imoral: juntos, mentiriam para Eugênio, dizendo que Margarida
havia se casado com outro homem e seguira sua vida. Fizeram conforme o
combinado e, por tamanha desilusão, Eugênio não apenas desistiu de sair do
seminário como decidiu seguir definitivamente a carreira de padre. Reencontro
inesperado
O tempo passou, e Eugênio – já padre – foi
visitar a antiga vila onde morava, quando é chamado para socorrer uma moça
muito doente. Bondoso e prestativo, imediatamente foi em socorro da moça, sem
saber que se tratava de seu grande amor, Margarida. Ela então, em muito
sofrimento, lhe conta que depois que Eugênio foi para o seminário, os
fazendeiros a expulsaram com sua mãe da fazenda e, agora que sua mãe havia
falecido, Margarida vivia em grandes necessidades. Por amor a Eugênio, nunca
fora capaz de olhar para outro homem, muito menos de casar-se, e desde então
vivia sozinha em sua carência emocional e física.
Totalmente perplexo com o que ouvira, e
vendo a mulher de sua vida em sua frente, Eugênio deixara de se importar com
tudo e se entrega ao amor. Ambos passam uma noite de paixão, o que causa grande
remorso no rapaz após o ato.
No dia seguinte, ainda sentindo-se pesaroso
por seu pecado, Eugênio se apronta para que pudesse celebrar sua primeira
missa. Quando recebe um chamado: em seu papel de padre, deveria encomendar um
corpo que havia acabado de chegar à igreja. Ele se dirige ao corpo e não pode
acreditar no que está diante de seus olhos: Margarida, seu grande amor, morta
pela doença que a estava afligindo. Em choque, o rapaz havia perdido a mulher
que sempre desejou, e o favor espiritual como padre pelo pecado que havia
cometido. Sentia-se sem rumo, sem norte, como se nada mais em sua vida fizesse
sentido – e ele sequer tinha esperança de um dia poder endireitar as coisas e
viver feliz. Eugênio enlouquece ainda na igreja, e fica notável para todos que
o padre tinha um envolvimento íntimo com a pessoa ali morta. Assim termina o
triste romance de Eugênio e Margarida, pois após o falecimento da moça, o rapaz
jamais retomou o juízo.
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