Estrutura dissertativa:
I.
Introdução
(tese): a introdução deve apresentar o tema
para o leitor, sendo conveniente que a posição adotada (tese) pelo autor diante
da questão a ser discutida esteja também presente.
II.
Desenvolvimento
(argumentos): esta é a parte em
que, por meio de argumentos sólidos, relevantes e sobretudo pertinentes, a tese
será defendida. É, principalmente, neste segmento do texto dissertativo que o
emissor deverá mostrar que possui informações sobre o tema e provar que é capaz
de raciocinar com lógica, organização, equilíbrio, objetividade e clareza.
III.
Conclusão: sendo o fechamento do texto, a conclusão pode
se constituir em síntese das ideias desenvolvidas anteriormente. Para a
conclusão, siga de forma coerente com a discussão: elabore uma síntese do conteúdo
discutido, retome o posicionamento da tese ou atribuir uma perspectiva ou
solução para o problema.
Obs.:
esses três aspectos (I, II, III) serão devidamente detalhados durante o curso,
em aulas futuras.
Adequação temática:
Todas
as ideias veiculadas no texto dissertativo escolar precisam ser pertinentes ao
tema, tanto que aulas futuras abordarão quesitos como planejamento do texto e
delimitação temática, cujo teor será o de auxiliar o aluno nessa prática
indispensável. Não é à toa ser tradição da maioria dos vestibulares penalizar
com a nota zero os candidatos que “fugiram do tema”.
Exercícios de Aplicação
01.
A leitura da palavra é sempre
precedida da leitura do mundo.
Paulo
Freire
Relativamente
a essa frase, responda às seguintes questões:
a) Em que consiste a “leitura do mundo”?
b) Como a “leitura do mundo” ajuda-nos a
escrever melhor?
Resposta: uma
das possibilidades de resposta.
a)
Desde bebês, já estamos às voltas com imagens,
cheiros, carícias, palmadas. À medida que ampliamos nosso universo social, os
signos, os sinais, os entendimentos e a compreensão também se ampliam: desde
sinais de trânsito a acenos, de ações a reações. Tudo isso vai sendo
decodificado pelo nosso cérebro e, gradativamente, vamos assimilando os
“códigos” que compõem a sociedade em que vivemos e, assim, aprendemos a “ler”,
a interpretar e a nos conduzir socialmente.
b)
Consequentemente, a experiência de vida que
adquirimos à medida que convivemos em nosso meio social e cultural, compõe-se
de um cabedal de “leituras” e interpretações passíveis de serem utilizadas nos
textos que redigimos, dependendo, logicamente, da adequação ao assunto
discutido. Esse, aliás, é o processo usado frequentemente pelos autores
literários ao redor do mundo.
Análise de um texto dissertativo:
Planejamento dissertativo
I. Lendo a coletânea,
identificando o tema e anotando as ideias.
O contato com o(s) texto(s) de apoio é um momento importante na
produção de um texto dissertativo, pois é por meio dele(s) que se tem a
oportunidade de ampliação das informações que se possui sobre o tema a ser
abordado. Portanto, acostume-se a fazer uso da coletânea para você ter uma
melhora imediata nos seus textos. Tente sempre sublinhar e anotar alguma(s) ideia(s)
da coletânea.
II. Produzindo a introdução
A introdução deve conter o
seu posicionamento (tese) relativo à questão apresentada. Exemplificando, suponhamos que o assunto seja "desemprego",
do qual extraímos o seguinte tema (delimitação do assunto): "As
principais consequências do desemprego no Brasil se agravam a cada dia,
principalmente nos grandes centros urbanos.".
III. Selecionando ideias
Dentre as ideias anotadas
anteriormente, selecione algumas, duas ou três, nas quais você identifica a sua
posição adotada na tese e que lhe pareçam mais defensáveis. Elaborando a pergunta, teríamos: "Quais seriam as principais consequências do desemprego e por que se
agravam a cada dia?".
Como respostas, poderíamos apresentar os seguintes argumentos:
- o número excessivo de pessoas que vive na mais
completa miséria;
- a expansão de favelas nesses grandes centros;
- o aumento da criminalidade.
Outros argumentos podem ser apontados. O importante
é que cada argumento encontrado esteja relacionado com o assunto em questão.
IV. Construindo a argumentação
Agora você deve desenvolver as ideias selecionadas, em argumentos
distribuídos por parágrafos, numa sequência lógica, natural. A reunião dos
argumentos parece uma tarefa mecânica, mas não é assim tão simples. Para ela,
são necessários o domínio do assunto sobre o qual se trata e o conhecimento de
outros assuntos cujas bases contextuais se cruzam com o tema desenvolvido.
V. Produzindo a conclusão:
Neste último parágrafo, você deve confirmar, de alguma maneira, a
defesa que você fez em sua tese. Lembre-se de algo muito importante: sua tese e
conclusão estão umbilicalmente ligadas e, por essa razão, são interdependentes.
Não raro a conclusão pode ser fechada retomando-se a base da argumentação desenvolvida
anteriormente, mas seria um erro grave terminar sua redação com um argumento
novo, que não fez parte da discussão do texto, isto é, não conclua sua redação
com ideias que não foram tratadas durante o desenvolvimento textual, pois pode
parecer que sua redação não terminou.
VI. Análise do rascunho
A análise meticulosa do seu rascunho é a última oportunidade que
você tem para melhorar o seu texto. Esse procedimento é assunto de aulas
futuras. Se ficou entendido, a redação deve ser iniciada por um PT (projeto de
texto), este que antecipa o rascunho. Assim, eliminamos, no nosso entender, um
dos mais graves erros cometidos pelo vestibulando: o de iniciar a redação pelo
rascunho. É como se, na maioria das vezes, alguém, perdido em meio à Amazônia,
buscasse “caminhos” sem o uso de uma bússola adequada. Poderia “andar em círculos”,
perder tempo buscando outros meios possíveis de orientação, sair do rumo
desejado. Em síntese, é um procedimento nada indicado para quem fará uma redação
no dia do vestibular, que, como todos sabemos, é a prova que permite com mais
precisão a exposição do pensamento humano e não pode ser desenvolvida em longo
período de tempo.
Exercícios de Aplicação:
Leia o texto a seguir e responda
às questões 01 e 02.
As pessoas que admitem, por razões
que consideram moralmente justificáveis, a eutanásia, o fato de acelerar ou
mesmo de provocar a morte de um ente querido, para lhe abreviar os sofrimentos
causados por uma doença incurável ou para terminar a existência miserável de
uma criança monstruosa, ficam escandalizadas com o fato de que, do ponto de
vista jurídico, a eutanásia seja assemelhada, pura e simplesmente, a um
homicídio.
Supondo-se que, do ponto de vista
moral, se admita a eutanásia, não se atribuindo um valor absoluto à vida
humana, sejam quais forem as condições miseráveis em que ela se prolonga,
devem-se pôr os textos legais em paralelismo com o juízo moral? Seria uma
solução perigosíssima, pois, em direito, como a dúvida normalmente intervém em
favor do acusado, corre-se o risco de graves abusos, promulgando uma legislação
indulgente nessa questão de vida ou de morte. Mas constatou-se que, quando o
caso julgado reclama mais a piedade do que o castigo, o júri não hesita em
recorrer a uma ficção, qualificando os fatos de uma forma contrária à realidade,
declarando que o réu não cometeu homicídio, e isto para evitar a aplicação da
lei. Parece-me que esse recurso à ficção, que possibilita em casos excepcionais
evitar a aplicação da lei — procedimento inconcebível em moral —, vale mais do
que o fato de prever expressamente, na lei, que a eutanásia constitui um caso
de escusa ou de justificação.
Perelman, Ética e Direito.
01. De acordo com o texto anterior, o
autor:
a) defende uma legislação específica
para a eutanásia.
b) condena a provocação da morte em
caso de doença incurável.
c) prefere deixar o problema da
eutanásia sem regulamentação jurídica.
d) é contrário à classificação da
eutanásia como homicídio moral.
e) descarta o ponto de vista social
no julgamento da eutanásia.
Resposta: C
- Como normalmente, no julgamento de um
caso de eutanásia, a piedade pela dor do paciente se sobrepõe ao rigor da lei e
adequar a lei a essa moral ou piedade pode levar a abusos, parece conveniente
ao autor do texto que não haja regulamentação específica para a prática da eutanásia.
02. A partir do texto, pode-se
concluir que:
a) admitir a eutanásia é atribuir um valor absoluto à vida humana.
b) as pessoas ficam escandalizadas com a eutanásia.
c) o comportamento do júri prevê, sempre, o cumprimento da lei.
d) no caso de uma criança monstruosa, a lei pode prever a
eutanásia.
e) a moral exige, sempre, a aplicação da lei.
Resposta: E
- A tendência de flexibilização da lei,
ao se julgar um caso de eutanásia, contrapõe-se ao rigor da moral, pois esta é
inflexível, exige sempre a aplicação da lei integralmente, conforme o último
parágrafo “... procedimento inconcebível em moral” é “evitar a aplicação da
lei”.
Nenhum comentário