Os Sertões


Os Sertões  

Considerada uma das obras-primas da literatura brasileira. Os Sertões - É um livro brasileiro de Euclides da Cunha e publicado em 1902, ano de sua primeira edição, cinco anos após a campanha de Canudos, cujo trágico desfecho Euclides da Cunha testemunhou como repórter de O Estado de São Paulo, apresenta não só um completo relato da Campanha de Canudos, que foi a luta sangrenta contra os fanáticos chefiados por Antônio Conselheiro, os quais ameaçavam a segurança das cidades e povoações vizinhas, mas apresenta ainda um admirável estudo da terra e do homem do sertão nordestino, das condições de vida do sertanejo, da sua resistência e capacidade, de acordo com a visão de Euclides da Cunha. Ele foi o único jornalista que atentou para a valentia dos jagunços.   

Trata da Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte desta guerra como correspondente do jornal O Estado de São Paulo, e ao retornar escreveu um dos maiores livros já escritos por um brasileiro. Pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica e à prosa artística. Pode ser entendido como uma obra de Sociologia, Geografia, História ou crítica humana. Mas não é errado lê-lo como uma epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites governamentais.

O livro apresenta 646 páginas e está, pelo índice, dividido em 10 capítulos. 

§  A Terra (58 páginas)

§  O Homem (149 páginas)

§  A Luta (preliminares - 30 páginas)

§  Travessia do Cambaio (36 páginas)

§  EXPEDIÇÃO MOREIRA CÉSAR (65 páginas)

§  Quarta EXPEDIÇÃO (45 páginas)

§  Coluna SAVAGET (42 páginas)

§  O ASSALTO (67 páginas)

§  Nova fase da luta (37 páginas)

§  ULTIMOS DIAS (55 páginas) 

A TERRA (58 páginas) - O autor começa descrevendo, geograficamente, o grande maciço central brasileiro para chegar à região do Vaza-Barris, ao norte da Bahia, onde se passou a Campanha de Canudos. Demarca-a, e descreve sua flora, sua formação geológica e a influência do clima. Procura interpretar sua evolução geológica. Estuda-lhe a hidrografia e a conformação orográfica. Volta a considerar o clima da região expondo uma teoria sobre as secas. Descreve geograficamente as caatingas com toda sua flora específica e a influência que elas sofrem dos climas. Então chega ao “agente geológico notável – o homem que, reagindo brutalmente contra a terra madrasta, vem, historicamente desnudando-o, fazendo desertos. Considera as maneiras de combater os desertos com açudes, etc. Só assim combateria o martírio que ali sofre o homem e que é consequência do “martírio secular da Terra”. Com a descrição do sertão de Canudos sumaria toda a fisiografia do Nordeste. 

O HOMEM (149 páginas) - Inicia, expondo o autoctonismo do “homo americanus”. Depois considera a influência da variabilidade mesológica nos três elementos essenciais de nossa formação étnica, dando a gênesis das sub-raças, mestiças, do Brasil. Daí a heterogeneidade racial brasileira e a impossibilidade de futura unidade de raça entre nós, devido a particularidades específicas de cada elemento formador, tão díspar. Para confirmar sua teoria cita exemplos em nossa História.   

Mostra o jagunço em sua gênesis, esparramando-se do Maranhão a Bahia, passando pela gênesis do mulato. Expõe a função histórica do Rio São Francisco na dinâmica social dos jagunços, descendentes de paulistas, e no aparecimento dos vaqueiros que se insularam nas regiões do interior. Nesse ponto surge Canudos, aglomerado de alimentos de uma subcategoria étnica já constituída: o sertanejo do norte. Mas a mistura de várias raças dá o tipo desequilibrado, possuidor da moralidade rudimentar das raças inferiores. Insulados, ficaram porém livres de uma adaptação, penosíssima, a um estágio social superior. Faz análises desses nossos patrocínios: o sertanejo, o gaúcho, estabelecendo comparações entre eles. Fala sobre o jagunço, as vaquejadas, a arribada.

Descreve as tradições dos vaqueiros, o estouro da boiada, o folclore, a influência das secas, a religiosidade mestiça. Conclui que as agitações sertanejas são baseadas no fanatismo. Canudos, por exemplo, é uma agitação nordestina, baseada no fanatismo. Monte Santo já era um lugar lendário. Daquela complexidade étnica e sob aquelas influências ecológicas e sociológicas era inevitável o aparecimento de um Antônio Conselheiro. Fizeram-no santo devido ao seu misticismo estranho, quase um feiticeiro. Ele não deslizou para a loucura, porque o ambiente o amparou, respeitando-o. Antônio Conselheiro descendia de cearenses do norte, de gente arrelienta que há 50 anos sustentava uma rixa de família. Infeliz no casamento-abandonado pela esposa raptada por um policial, e por isso fulminado de vergonha - embrenha-se nos recessos dos sertões, surgindo incógnito, missionário sombrio, no nordeste baiano. Era produto condensado do obscurantismo de três raças, criando em torno de si lendas que se espalhavam por toda aquela imensa região. A Igreja tentou intervir, inutilmente. Canudos, que era um lugarejo obscuro antes da vinda do Conselheiro, revivesse com sua chegada, em 1893, crescendo rapidamente, a pau a pique, chegando a possuir 5000 casas, com 15000 a 20000 habitantes.

Todo sertanejo que ali chegasse tornava-se logo um fanático. E, como muitos deles eram bandidos, saqueavam lugarejos, conquistavam cidades vizinhas, depredando-as. Eram subchefes do Conselheiro; José Venâncio, com 18 mortes; Pajeú e seu ajudante – de – ordens Lalau; Chiquinho e João da Mota, Pedrão, cafuz brutal; Estevão, disforme, tatuado à faca e à bala; Joaquim Tranca-pés; “Major” Sariema; o tragi-cômico Raimundo Boca-Torta, do Itapicuru; o ágil Chico Ema; Norberto; o velho Macambira e seu filho Joaquim; Villa-Nova; a figura ridícula, de mulato espigado, de Antônio Beato, meio sacristão e meio soldado; e o chefe de todos João Abbade. Pregavam contra a República, sem convicção, mais “como variante forçada ao delírio religioso”. Um capuchinho lá estivera para converte-los todos. Nada conseguira. Voltando, amaldiçoa a vida.

 

A LUTA – PRELIMINARES (30 páginas) - Uma desavença antiga com o Juiz de Direito de Juazeiro e não entrega de madeira adquirida nessa cidade para o remate da igreja nova de Canudos, em outubro de 1896, determinaram uma ameaça de assalto àquela cidade por parte do Conselheiro. Ameaçados, o Juiz pediu ao Governador do Estado da Bahia auxílio. Foi, então, enviada uma força de cem praças, da guarnição estadual, para bater os fanáticos de Canudos. Essa 1ª Expedição de Canudos foi comandada pelo tenente Manoel da Silva Pires Ferreira, que após longa caminhada bivacou, exausta, em Uauá. Atacada de surpresa pelos soldados de Antônio Conselheiro, abandona a luta. “O revés de Uauá requeria reação segura”. E.C. - A 2ª Expedição, comandada pelo major Febrônio de Brito, da força estadual, veio melhor aparelhada, formada de 543 praças e 3 médicos. Seria a “1ª Expedição regular” contra Canudos. Os fanáticos eram comandados por João Grande, João Abbade, Pahejú, Macambira, pai e filho, José Venâncio e outros. 

TRAVESSIA DO CAMBAIO (36 páginas) - A 2ª Expedição fez base em Monte Santo e muito sofreu no ataque planejado, na Travessia do Cambaio, não conseguindo chegar até o arraial de Canudos. Retirou-se em condições penosas.  

EXPEDIÇÃO MOREIRA CESAR (3ª expedição) (65 páginas) - A 3ª Expedição, comandada pelo Coronel Antônio Moreira César, mais numerosa e melhor equipada que as duas primeiras, fez base, também, em Monte Santo. Eram 1.300 combatentes, fartamente municiados, com cerca de 350.000 cartuchos e 70 tiros de artilharia. Não passava ideia de alguém um revés. O 1º encontro foi no ribeirão de Pitombas. João Abbade, o “corta-cabeças” , estava no comando da defesa dos jagunços. Seguiram e fizeram base no alto da favela, defronte Canudos, e daí avançaram sem assegurar a retaguarda ou garantir os pontos perigosos da travessia. Na investida contra a Tróia de taipas dos sertanejos tiveram de recuar. Nessa retirada perderam o comandante Moreira César e pouco mais tarde seu substituto Coronel Tamarindo que os jagunços ergueram, empalado, no galho seco de um angico.  

QUARTA EXPEDIÇÃO (45 páginas) - Alarmada com os resultados da luta toda envia batalhões para combaterem os jagunços. Do Rio Grande do Sul, do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, Bahia, etc. seguiram soldados regulares para enfrentar inimigo odioso. Eram 5.000 homens, em 6 Brigadas. As 1ª, 2ª e 3ª Brigadas eram comandadas pelo General João da Silva Barbosa e as 4ª, 5ª e 6ª comandadas pelo General Cláudio do Amaral Savaget. O general Artur Oscar era o comandante em chefe. As duas colunas partiram de pontos diversos e deviam se encontrar em Canudos. Estavam com abundância de material de guerra. A 1ª expedição foi na frente e tomou o caminho das expedições anteriores. Repetiu-lhes erros. Acampada defronte Canudos sitiou o arraial e, em conjunto com a brigada do General Savaget, investiu-o sem sucesso. 

COLUNA SAVAGET (42 páginas) - A coluna do General Savaget parira de Aracajú. Possuía 2.350 homens. De Geremoabo a Canudos fazia marcha esclarecida e firme. A margem do Vasa-Barris deu-se o 1° combate de Cocorobó, que termina com ataque dos lanceiros em formidável carga de baionetas e fuga dos jagunços. No dia seguinte a peleja continua, em combate renhidíssimo (Combate de Macambira) com a morte do Tenente Coronel Sucupira. Unidas às duas colunas a guerrilha continuou, crônica, em refregas furiosas e rápidas, longas reticências de calma, pontilhadas de balas. Os jagunços atacaram a “matadeira”: 11 fanáticos invadiram o centro do acampamento militar para destruir o canhão “Withworth 32” que eles apelidaram “a matadeira”. Estavam comandados por Macambira. 10 foram mortos a baioneta tendo um escapado miraculosamente, varando as fileiras agitadas. As tropas aguardavam uma briga salvadora. 

O ASSALTO (67 páginas) - As duas colunas, reunidas defronte Canudos, resolveram atacar. Delineou-se o ataque. Eram 3.349 homens, divididos em cinco brigadas. Seguiram alta madrugada. Tomaram posição de combate perigosíssima e impraticável. Quando a luta começou levaram desvantagem. Caíram em desordem. Despencavam pelos cerros abaixo. E os jagunços, invisíveis das tocaias e dos esconderijos, fulminavam as brigadas. Sitiado o arraial a investida fora sem sucesso. Desorganizados os batalhões cada um lutava pela sua vida. Nessas condições “eram por igual impossível – o avançamento e o recuo”. Tiveram quase 1.000 baixas, entre mortos e feridos. O General Artur Oscar avaliou o estado das coisas e pediu um corpo auxiliar de 5.000 homens. Seguiu, então a Brigada Girard, dirigida pelo General Girard. Eram 1.042 praças, 68 oficiais e 850.000 cartuchos Mauser. Essa brigada não conseguiu repelir o inimigo! e a retaguarda tinha sido alvejada. Quando as primeiras levas de feridos e mortos chagaram à cidade do Salvador a Nação surpreendida, abalou-se! Não era possível!  

NOVA FASE DA LUTA (37 páginas) - Novos reforços foram então enviados. Mais duas brigadas, com o total de 3.000 homens, uma entregue ao comando do Coronel Sampaio e outra ao General Carlos Eugênio de Andrade Guimarães. E o próprio Ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado Bittencourt foi para o teatro de operações. Conhecedor frio da arte de combater e descobrindo os motivos das derrotas anteriores, conseguiu a vitória da 4ª Expedição e aniquilamento de Canudos. Só fez usar o bom senso aplicado à técnica militar, transmudando aquele conflito enorme, pródigo de inúteis bravuras, numa campanha regular. Alguns chefes jagunços já haviam desaparecido: Pajehú, João Abbade, Macambira, José Venâncio. Restavam Pedrão, Norberto e outros. A 22 de agosto de 1897 falecia Antônio Conselheiro. Os jagunços já não resistiam; recuavam. Canudos estava bloqueado. A insurreição estava morta. (Fazendo parte do reforço estava um batalhão policial de São Paulo, ao qual Euclides da Cunha se agregou como observador para o campo da luta).

ÚLTIMOS DIAS (55 páginas) - Fato imprevisto: o inimigo, agônico, reage inesperadamente e vigorosamente. Mas logo depois decai a  reação, atingindo o desenlace. Os soldados da República impunham às vítimas cenas cruéis: “Agarravam-nas pelos cabelos, dobrando-lhes a cabeça, esgargalhando-lhes o pescoço e francamente exposta a garganta, degolavam-n’as” ou “enleado o pescoço da vítima num cabresto, estrangulavam ou esfaqueavam”. Rivalizavam-se aos jagunços em barbaridades. A 28 de setembro Canudos não respondeu às duas salvas de vinte tiros. Era o fim. Foi dinamitada com 90 bombas nesse dia, terminando em incêndio. Entregou-se o Beatinho e entregaram-se as mulheres e crianças. Fez-se pequena trégua depois da qual recomeçou o tiroteio. “Canudos não se rendeu”, resistiu até o esgotamento completo. 

Estilo: Considerada uma obra pré-modernista, o estilo de Os sertões é conflituoso, angustiado, torturado. Dá a impressão de sofrimento e luta. O autor faz uso de muitas figuras de linguagem, às vezes omite as conjunções (assindetismo), outras repete-as reiteradamente (polissindetismo). Ocorre, com frequência, a mistura de termos de alta erudição tecno-científica com regionalismos populares e neologismos do próprio autor.

Verifique se você entendeu bem a historia. Certo ou Errado

1.       Considerada uma das obras-primas da literatura brasileira, Os Sertões, publicada em 1902, ano de sua primeira edição, cinco anos após a campanha de Canudos, cujo trágico desfecho Euclides da Cunha testemunhou como repórter de O Estado de São Paulo.

2.       É uma narrativa sobre um grupo de fanáticos religiosos e não só descreve a sociedade, mas também a geografia, geologia, e zoologia plana do sertão brasileiro.

3.       Dividida em seis subtítulos (Preliminares, Travessia do Cambaio, Expedição Moreira César, Quarta Expedição, Nova Fase da Luta e Últimos Dias).

4.       As autoridades de Juazeiro se recusam a mandar a madeira que Antônio Conselheiro adquirira para cobrir a casa dos jagunços,

5.       O autor começa descrevendo, geograficamente, o grande maciço central brasileiro para chegar à região do Vaza-Barris, ao norte da Bahia, onde se passou a Campanha de Canudos.

6.       A primeira parte, o homem, descreve o personagem principal da ação, o sertanejo.

7.       A primeira expedição com 500 homens, comandados pelo tenente Pires Peneira, são surpreendidos e derrotados pelos jagunços no povoado de Uauá.

8.       A segunda expedição  com mil homens, comandados pelo major Febrônio de Brito e organizados em colunas maciças, são emboscados pelos jagunços em terrenos acidentados, no Morro do Cambaio.

9.       A descrição minuciosa das condições geográficas e climáticas do sertão, de sua formação social: o sertanejo, o jagunço, o líder espiritual, e do conflito entre essa sociedade e a urbana, mostra-nos um Euclides cientificista.

10.   A quarta expedição - Cinco mil homens, comandados pelos generais Artur Oscar, João da Silva Barbosa e Cláudio Savaget, são enviados pelo sul. As tropas dividem-se em duas colunas. A primeira é cercada pelos jagunços no Morro da Favela e tem de se socorrer da segunda coluna que, vitoriosa em Cocorobó, havia mudado de estratégia, dividindo-se em pequenos batalhões. As duas colunas tentam um ataque maciço. Conseguem tomar boa parte do arraial, mas os soldados mal resistem à fome e à sede.

Gabarito:

1.       Certo

2.       Certo

3.       Certo

4.       As autoridades de Juazeiro se recusam a mandar a madeira que Antônio Conselheiro adquirira para cobrir a igreja de Canudos.

5.       Certo

6.       Errado - A primeira parte, A Terra, descreve o cenário em que se desenrolou a ação.

7.       Errado - A primeira expedição - Cem homens, comandados pelo tenente Pires Peneira.

8.       A segunda expedição - Quinhentos homens, comandados pelo major Febrônio.

9.       Certo

10.   Certo

 

Simulado:

Os Sertões

 

01.     Sobre Os sertões, é incorreto afirmar que:

a)         o autor, militar em sua origem, desaprova a causa dos sertanejos.

b)         apresenta certa dificuldade em termos de enquadramento em um único gênero literário.

c)          sua linguagem tende ao solene, com vocabulário erudito e tom grandiloquente.

d)         origina-se de reportagens para O Estado de S. Paulo, nas quais o autor expõe fatos relacionados à Guerra de Canudos.

e)         Euclides da Cunha segue um esquema determinista na estrutura das três partes da obra.

 

TEXTO:

Em marcha para Canudos

Foi nestas condições desfavoráveis que partiram a 12 de janeiro de 1897. Tomaram pela Estrada de Cambaio. É a mais curta e a mais acidentada. Ilude a princípio, perlongando o vale de Cariacá, numa cinta de terrenos férteis sombreados de cerradões que prefiguram verdadeiras matas. Transcorridos alguns quilômetros, porém, acidenta-se; perturba-se em trilhas pedregosas e torna-se menos praticável à medida que se avizinha do sopé da serra do Acaru. (...) Tinha meio caminho andado. As estradas pioravam crivadas de veredas, serpeando em morros, alçando-se em rampas caindo em grotões, desabrigadas, sem sombras... (...) Entretanto era imprescindível a máxima celeridade. Tornava-se suspeita a paragem: restos de fogueira à margem do caminho e vivendas incendiadas, davam sinais do inimigo.

 

02.     Todas as afirmativas que seguem estão associadas ao trecho selecionado de Os sertões, em que os homens se dirigem para o local do embate, exceto:

a)      Atenção e rapidez são necessárias numa trajetória que leva os viajantes a uma experiência belicosa.

b)      A presença do inimigo é percebida pelos rastros de sua passagem ainda recente.

c)       Os obstáculos que se apresentam prenunciam os trágicos eventos que ocorrerão.

d)      Pelo assunto do trecho, é possível inferir que se trata de um episódio constante na segunda parte da obra.

e)      A estrada referida perturba a avaliação inicial do viajante dada a riqueza natural da área.

 

TEXTO

... E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos crescidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao clássico bastão em que se apoia o passo tardo dos peregrinos. É desconhecida a sua existência durante tão longo período. Um velho caboclo, preso em Canudos nos últimos dias da campanha, disse-me algo a respeito, mas vagamente, sem precisar datas, sem pormenores característicos. Conhecera-o nos sertões de Pernambuco, um ou dous anos depois da partida do Crato.

 

03.     A viagem de Euclides da Cunha à região de Canudos, onde ocorre a revolta dos seguidores de Antônio Conselheiro:

a)      ratifica sua posição em relação aos fanáticos rebeldes, expressa em seu artigo A nossa vendéia.

b)      impulsiona-o a produzir Os sertões, baseando-se somente no que realmente pôde presenciar.

c)       demove-o da concepção determinista vigente na época, que concebe o homem como um cruzamento de condicionamentos.

d)      retifica a opinião vigente, passando a considerar a revolta como resultante do atraso da nação.

e)      influencia a prosa do autor, antes impregnada de cientificismo e reacionarismo.

 

04.     Considere as seguintes afirmações sobre Os sertões, de Euclides da Cunha.

        I.            Nas duas primeiras partes do livro, o autor descreve, respectivamente, o homem e o meio ambiente que constituíam o sertão baiano, valendo-se, para tanto, das teorias científicas desenvolvidas na época.

      II.            Ao descrever os sertanejos, o autor idealiza suas qualidades morais e físicas e conclui que seu heroísmo era resultado da fé nos ensinamentos religiosos do líder Antônio Conselheiro.

    III.            O autor descreve, na terceira parte do livro, as várias etapas da Guerra de Canudos e denuncia o massacre dos sertanejos pelas tropas do exército brasileiro, revelando a miséria e o subdesenvolvimento da região.

 

Quais estão corretas?

a)      Apenas I

b)      Apenas II

c)       Apenas III

d)      Apenas I e III

e)      I, II e III

 

TEXTO

... E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos crescidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao clássico bastão em que se apoia o passo tardo dos peregrinos. É desconhecida a sua existência durante tão longo período. Um velho caboclo, preso em Canudos nos últimos dias da campanha, disse-me algo a respeito, mas vagamente, sem precisar datas, sem pormenores característicos. Conhecera-o nos sertões de Pernambuco, um ou dous anos depois da partida do Crato.

 

05.     Com relação à obra de que se extraiu o fragmento acima, é incorreto afirmar que:

a)      apresenta cenário e paisagem idealizados, por se tratar de um texto de cunho romântico.

b)      trata da campanha de Canudos e dos contrastes entre o Brasil à beira do Atlântico e um outro, do sertão nordestino.

c)       denuncia o extermínio de milhares de pessoas no interior baiano pelo exército nacional.

d)      contém uma visão de mundo determinista, influenciada pelas ideias de Hypolite Taine.

e)      constrói um grande painel do sertão nordestino, dividindo-se em três partes – A terra, O homem, A luta.

 

06.     Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo sobre a obra Os sertões, de Euclides da Cunha.

§  No texto de Euclides da Cunha, misturam-se o requinte da linguagem, a intenção científica e o propósito jornalístico.

§  A obra Euclideana insere-se numa tradição da literatura brasileira que tematiza o povoamento do sertão, iniciada ainda no Romantismo com Bernardo Guimarães.

§  Euclides da Cunha escreveu Os sertões com base nas reportagens que realizou como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo.

§  Antônio Conselheiro é uma personagem fictícia criada pelo imaginário do autor.

§  O episódio de Canudos, retratado no texto de Euclides da Cunha, faz parte dos movimentos de protesto surgidos logo após a proclamação da Independência do Brasil.

 

a)      V – F – V – F – F

b)      V – V – V – F – F

c)       F – F – V – V – F

d)      F – V – F – F – V

e)      V – V – F – F – F

 

TEXTO

Daquela data ao termo da campanha a tropa iria viver em permanente alarma.  (...) A tática invariável do jagunço expunha-se temerosa naquele resistir às recuadas, restribando-se* em todos os acidentes da terra protetora. Era a luta da sucuri flexuosa* com o touro pujante. Laçada a presa, distendia os anéis; permitia-lhe a exaustão do movimento livre e a fadiga da carreira solta; depois se constringia repuxando-o, maneando-o nas roscas contráteis, para relaxá-las de novo, deixando-o mais uma vez se esgotar no escarvar*, amarradas, o chão; e novamente o atrair, retrátil, arrastando-o - até ao exaurir completo...

*restribar – estar firme, estar escorado.

*flexuoso – sinuoso, torcido, tortuoso.

*escarvar – cavar superficialmente.

 

07.     Assinale a alternativa incorreta em relação ao trecho.

a)      O jagunço, ao aproveitar-se dos “acidentes da terra protetora”, conseguia superar-se e confrontar-se com o inimigo, trazendo-lhe novas dificuldades.

b)      O “touro pujante”, apesar de sua força, na ilusão do movimento livre, acaba se exaurindo.

c)       No confronto, a “sucuri flexuosa” vence, pois usa os recursos de que dispõe.

d)      No trecho, a imagem da luta entre a “sucuri flexuosa” e o “touro pujante” é uma metáfora da luta entre jagunços e expedicionários.

e)      A “sucuri flexuosa” e o “touro pujante” estão em constante confronto sem que haja um vencedor.

 

TEXTO

(...) esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se.

 

08.     Assinale a frase que, retirada de Os sertões, sintetiza o trecho citado.

a)      “é o homem permanentemente fatigado”

b)      “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”

c)       “a raça forte não destrói a fraca pelas armas, esmaga-a pela civilização”

d)      “Reflete a preguiça invencível (...) em tudo”

e)      “a sua religião é como ele – mestiça”

 

A seguir você lerá um fragmento de Os sertões de Euclides da Cunha.

Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o viajante tem um desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas. Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças, e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvore sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante...

 

09.     Com base no texto anterior, como se caracteriza a natureza onde vive o sertanejo?

 

TEXTO

A tropa chegou exausta a Uauá no dia 19, depois de uma travessia penosíssima. Este arraial – duas ruas desembocando numa praça irregular – é o ponto mais animado daquele trecho do sertão. Como a maior parte dos vilarejos pomposamente gravados nos nossos mapas, é uma espécie de transição entre maloca e aldeia. (...) Entrou pela rua em continuação à estrada e fez alto no largo. Foi um sucesso. Entre curiosos e tímidos, os habitantes atentavam para os soldados – poentos, mal firmes na formatura, tendo aos ombros as espingardas cujas baionetas fulguravam – como se vissem um exército brilhante.

Ensarilhadas as armas, a força acantonou. Fez-se em torno um círculo de vigilância: postaram-se sentinelas à saída dos quatro caminhos e nomeou-se o pessoal das rondas. Feito praça de guerra, o vilarejo obscuro era, entretanto, uma escala transitória.

 

        I.            A referência ao registro cartográfico do lugar sugere contradição em relação à verdadeira dimensão da área.

      II.            O povo recebe a tropa com reverência e admiração.

    III.            Os soldados reagem com indiferença à manifestação popular.

    IV.            Os soldados retornam ao lar após ferrenha batalha.

 

10.     Pela análise das afirmativas, conclui-se que somente estão corretas

a)        I e II

b)       I e III

c)        II e III

d)       II e IV

e)       I e IV

 

TEXTO

Fechemos este livro.

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica, mas cerramo-la vacilante e sem brilhos. Vimos como quem vinga uma montanha altíssima. No alto, a par de uma perspectiva maior, a vertigem...

Ademais não desafiaria a incredulidade do futuro a narrativa de pormenores em que se amostrassem mulheres precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos filhos pequeninos?...

 

11.     Este trecho pertence à parte final da obra Os sertões.

a)      Qual o nome dessa parte?

b)      Transcreva a frase que comprova a admiração do autor por Canudos.

c)       Transcreva o trecho que aponta para o descontrole emocional dos soldados diante de tanta resistência.

d)      Por que o autor crê que o futuro não acreditaria em sua obra?

 

Leia atentamente o seguinte trecho de Os sertões.

O calor úmido das paragens amazonenses, por exemplo, deprime e exaure. Modela organizações tolhiças em que toda a atividade cede ao permanente desequilíbrio entre as energias impulsivas das funções periféricas fortemente excitadas e a apatia das funções centrais: inteligências marasmáticas, adormidas sob o explodir das paixões; enervações periclitantes, em que pese à acuidade dos sentidos, e mal reparadas ou refeitas pelo sangue empobrecido nas hematoses incompletas...

Daí todas as idiossincrasias de uma fisiologia excepcional: o pulmão que se reduz, pela deficiência da função, e é substituído, na eliminação obrigatória do carbono, pelo fígado, sobre o qual desce pesadamente a sobrecarga da vida: organizações combalidas pela alternativa persistente de exaltações impulsivas e apatias enervadoras, sem a vibratilidade, sem o tônus muscular enérgico dos temperamentos robustos e sanguíneos. A seleção natural, em tal meio, opera-se à custa de compromissos graves com as funções centrais, do cérebro, numa progressão inversa prejudicialíssima entre o desenvolvimento intelectual e o físico, firmando inexoravelmente as vitórias das expansões instintivas e visando ao ideal de uma adaptação que tem, como consequências únicas, a máxima energia orgânica, a mínima fortaleza moral. A aclimação traduz uma evolução regressiva. O tipo deperece num esvaecimento contínuo, que se lhe transmite à descendência até a extinção total.

Os sertões, parte II, cap. I

 

12.     Responda:

a)      Qual o princípio científico que serve de fundamento para este trecho de Os sertões?

b)      Como a influência desse princípio aparece no texto?

c)       Essa influência nos permite tomar como ponto de partida das concepções estéticas do livro um determinado estilo literário. Qual?

 

TEXTO

Descrevendo aspectos da natureza do sertão da Bahia, diz Euclides da Cunha:

Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas.

Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de

tortura, da flora agonizante...

Os sertões, Parte I, cap. IV.

 

13.     A partir da leitura do texto, responda: qual o papel desempenhado pela natureza em Os sertões?

 

14.     As passagens abaixo foram extraídas de Os sertões. Escreva nos parênteses J (jagunço) ou M (militar), para identificar a personagem referida em cada uma delas.

§  Tinha o fetichismo das determinações escritas. Não as interpretava, não as criticava: cumpria-as.

§  Pelos caminhos fora passavam pequenos grupos ruidosos, carregando armas ou ferramentas de trabalho, cantando.

§  Torturavam-nos alucinações cruéis. A deiscência das vagens das catingueiras, abrindo-se com estalidos secos e fortes, soava-lhes feito percussão de gatilhos ou estalos de espoleta, dando a ilusão de súbitas descargas(...).

 

15.     Avalie as declarações e transcreva, nas linhas abaixo, as duas corretas sobre Os sertões.

I.                    Nascem da reportagem “A terra”, à qual se anexou “A luta”.

II.                  Adotam estilo de oratória religiosa, quando descrevem as crenças dos jagunços.

III.                Focalizam episódios heroicos de viagem e guerra, a exemplo das construções épicas.

IV.                Desenvolvem considerações de ordem científica, dando à narrativa um perfil de tese.

 

Quais são as declarações corretas?

 

TEXTO

Completando a tática perigosa do sertanejo, era temeroso porque não resistia. Não opunha a rijeza de um tijolo à percussão e arrebentamento das granadas, que se amorteciam sem explodirem, furando-lhe uma vez só dezenas de teto. Não fazia titubear a mais reduzida secção assaltante, que poderia investi-lo, por qualquer lado, depois de transposto o rio. Atraía os assaltos; e atraía irreprimivelmente o ímpeto das cargas violentas, porque a arremetida dos invasores, embriagados por vislumbres de vitória e disseminando-se, divididos pelas suas vielas em torcicolos, lhe era o recurso tremendo de uma defesa supreendedora. Na história sombria das cidades batidas, o humílimo vilarejo ia surgir como um traço de trágica originalidade. Intacto – era fragílimo; jeito de escombros – formidável.

Euclides da Cunha, Os sertões.

 

16.     O fragmento acima aponta algumas das características de Canudos. A leitura atenta desse texto nos permite concluir que ele trata de:

a)      uma vila fortificada, planejada para não permitir o acesso e as investidas dos agressores.

b)      uma ilha, pois era contornada pelo rio.

c)       um vilarejo humilde, que não oferecia resistência à entrada dos invasores.

d)      um local onde ocorriam muitos roubos e assaltos.

e)      um refúgio de soldados assaltados.

 

17.     Ainda de acordo com o texto da questão anterior:

a)      a ausência de resistência, característica marcante do conjunto de habitações, era coerente com a tática do sertanejo.

b)      o fato de um tijolo ser rijo não se opunha, em Canudos, ao arrebentamento das granadas.

c)       os assaltantes, sabedores de riquezas escondidas, eram atraídos pela vila.

d)      as explosões de granadas furavam de uma só vez dezenas de tetos.

e)      o sertanejo é perigoso e traiçoeiro.

 

TEXTO

                               BRASIL, MOSTRA A TUA CARA

                A busca de uma identidade nacional é preocupação deste século - João Gabriel de Lima

1             Ao criar um livro, um quadro ou uma canção, o artista brasileiro dos dias atuais tem uma preocupação a menos: parecer brasileiro. A noção de cultura nacional é algo tão incorporado ao cotidiano do país que deixou de ser um peso para os criadores. Agora, em vez de servir à pátria, eles podem servir ao próprio talento.  Essa é uma conquista deste século. Tem como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, uma espécie de grito de independência artística do país, cem anos depois da independência política. Até esta data, o brasileiro era, antes de tudo, um envergonhado. Achava que pertencia a uma raça inferior e que a única solução era imitar os modelos culturais importados. Para acabar com esse complexo, foi preciso que um grupo de artistas de diversas áreas se reunisse no Teatro Municipal de São Paulo e bradasse que ser brasileiro era bom. O escritor Mário de Andrade lançou o projeto de uma língua nacional. Seu colega Oswald de Andrade propôs o conceito de "antropofagia", segundo o qual a cultura brasileira criaria um caráter próprio depois de digerir as influências externas.

2             A semana de 22 foi só um marco, mas pode-se dizer que ela realmente criou uma agenda cultural para o país. Foi tentando inventar uma língua brasileira que Graciliano Ramos e Guimarães Rosa escreveram suas obras, ¤as mais significativas do século, no país, no campo da prosa. Foi recorrendo ao bordão da antropofagia que vários artistas jovens, nos anos 60, inventaram a cultura pop brasileira, no movimento conhecido como tropicalismo. No plano das ideias, o século gerou três obras que se tornariam clássicos da reflexão sobre o país. "Os Sertões", do carioca Euclides da Cunha, escrito em 1902, é ainda influenciado por teorias racistas do século passado, que achavam que a mistura entre negros, brancos e índios provocaria um "enfraquecimento" da raça brasileira. Mesmo assim, é um livro essencial, porque o repórter Euclides, que trabalhava no jornal "O Estado de S. Paulo", foi a campo cobrir a guerra de Canudos e viu na frente de combate muitas coisas que punham em questão as teorias formuladas em gabinete. "Casa-Grande & Senzala", do pernambucano Gilberto Freyre, apresentava pela primeira vez a miscigenação como algo positivo e buscava nos primórdios da colonização portuguesa do país as origens da sociedade que se formou aqui. Por último, o paulista Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil", partia de premissas parecidas, mas propunha uma visão crítica, que influenciaria toda a sociologia produzida a partir de então.

                "VEJA", 22 de dezembro, 1999. p. 281-282.

No texto, o jornalista selecionou duas expressões para se referir ao autor de "Os Sertões": "do carioca Euclides da Cunha" e "o repórter Euclides"

 

18.     Essa escolha teve como efeito de sentido destacar

a)      o contraste entre as crenças que o homem Euclides da Cunha tinha e a realidade observada pelo jornalista Euclides da Cunha.

b)      a ironia presente no fato de o escritor Euclides da Cunha, ficcionista, produzir um texto baseado num trabalho de campo como repórter.

c)       a potencialidade da língua portuguesa, que possibilitou ao autor se referir a Euclides da Cunha através de expressões diversas.

d)      o descompasso entre as teorias formuladas em gabinete e as teorias que influenciaram Euclides da Cunha.

e)      a confirmação das posições ideológicas do cidadão Euclides da Cunha quando exercia sua atividade de jornalista.

 

TEXTO

§  A - "Até esta data, o brasileiro era, antes de tudo, um envergonhado."

§  B - "No plano das ideias, o século gerou três obras que se tornariam clássicos da reflexão sobre o país."

 

19.     Considere o que se afirma sobre os fragmentos destacados.

 

        I.            Em OS SERTÕES, Euclides da Cunha declara que "o sertanejo é, antes de tudo, um forte". No fragmento A, o autor retoma a declaração de Euclides da Cunha reafirmando seu conteúdo elogioso.

      II.            Em B, a escolha de "século" como sujeito torna a frase mais expressiva, porque contraria a expectativa de encontrar essa palavra como parte de um adjunto adverbial de tempo.

    III.            Em B, a opção por "o século gerou" leva à associação com a idéia de criar, fecundar, o que reforça o sentido de que o século XX propiciou a concepção das obras destacadas.

 

Está(ão) correta(s)

a)      apenas I.

b)      apenas II.

c)       apenas III.

d)      apenas II e III.

e)      I, II e III.

 

20.     No decênio de 1930 houve uma renovação do romance brasileiro de tema regional, que passou de descritivo e sentimental a crítico e realista.

a)      Lembre um romance que pode exemplificar essa renovação. Justifique sua escolha com elementos desse romance.

b)      A obra OS SERTÕES, de Euclides da Cunha, está na gênese dessa transformação. Por quê?

 

21.     Assinale a única alternativa INCORRETA a respeito da obra de Euclides da Cunha.

a)      Em OS SERTÕES, o autor se utiliza de uma linguagem preciosista e rebuscada, em que pontificam os termos emprestados à ciência da época, os adjetivos exagerados e os verbos cuidadosamente escolhidos.

b)      OS SERTÕES é o produto final de um longo trabalho de pesquisa bibliográfica, de uma engajada cobertura jornalística realizada 'in loco' pelo autor e da revisão de anotações detalhadas feitas por Euclides da Cunha durante sua estada no sertão baiano.

c)       A utilização de personagens ficcionais lado a lado com as figuras históricas que protagonizam os acontecimentos de OS SERTÕES permite a Euclides da Cunha inserir suas impressões pessoais sobre o episódio e, além disso, estabelece nexos entre as ações isoladas.

d)      Nas duas primeiras partes de OS SERTÕES o autor se mostra adepto das doutrinas científicas da época, que não viam com bons olhos a mestiçagem e estabeleciam uma relação direta entre herança biológica e progresso material dos povos.

e)      Na última parte de OS SERTÕES, A LUTA, opera-se uma transformação do ponto de vista do autor, que, graças à técnica narrativa utilizada, contagia o leitor: inicialmente vistos como fanáticos, os sertanejos de Canudos conquistam o respeito e a admiração.

 

22.     Considere as seguintes afirmações sobre OS SERTÕES, de Euclides da Cunha.

        I.            - Nas duas primeiras partes do livro, o autor descreve, respectivamente, o homem e o meio ambiente que constituíam o sertão baiano, valendo-se, para tanto, das teorias científicas desenvolvidas na época.

      II.            - Ao descrever os sertanejos, o autor idealiza suas qualidades morais e físicas e conclui que seu heroísmo era resultado da fé nos ensinamentos religiosos do líder Antônio Conselheiro.

    III.            - O autor descreve, na terceira parte do livro, as várias etapas da guerra de Canudos e denuncia o massacre dos sertanejos pelas tropas do exército brasileiro, revelando a miséria e subdesenvolvimento da região.

 

Quais estão corretas?

a)      Apenas I.

b)      Apenas II.

c)       Apenas III.

d)      Apenas I e III.

e)      I, II e III.

 

23.     Sobre "Os Sertões", é INCORRETO afirmar que:

a)      o autor, militar em sua origem, desaprova a causa dos sertanejos.

b)      apresenta certa dificuldade em termos de enquadramento em um único gênero literário.

c)       sua linguagem tende ao solene, com vocabulário erudito e tom grandiloquente.

d)      origina-se de reportagens para O Estado de São Paulo, nas quais o autor expõe fatos relacionados à Guerra de Canudos.

e)      Euclides da Cunha segue um esquema determinista na estrutura das três partes da obra.

 

TEXTO

"Livro posto entre .........................., OS SERTÕES assinalam um fim e um começo: o fim do imperialismo literário, o começo ........................... aplicada aos aspectos mais importantes da sociedade brasileira (no caso, as contradições contidas na diferença de cultura entre ...............)."

(Fonte CANDIDO, Antônio. LITERATURA E SOCIEDADE.

24.     Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto acima.

a)      a literatura e a sociologia naturalista - da associação onírica e simbolista - as regiões litorâneas e o interior

b)      a literatura  e o panfleto pró-monárquico - da análise científica - a região nordeste e o sul industrializado

c)       a literatura e a sociologia naturalista - da análise científica - as regiões litorâneas e o interior

d)      a literatura e o panfleto pró-monárquico - da associação onírica e simbolista - a região nordeste e o sul industrializado

e)      a literatura e a sociologia naturalista - da associação onírica e simbolista - a região nordeste e o sul industrializado

 

Observe a seguinte declaração sobre o Pré-Modernismo:

Creio que se pode chamar pré-modernismo (no sentido forte de premonição dos temas vivos em 22) tudo o que, nas primeiras décadas do século, problematiza a nossa realidade social e cultural.

                BOSI, Alfredo. "História concisa da literatura brasileira".

 

25.     Atente agora para o que se afirma a respeito de algumas obras e autores brasileiros e assinale a alternativa cujo conteúdo NÃO contempla a síntese crítica de Alfredo Bosi:

a)      Um dos grandes temas de "Os Sertões" é a denúncia que Euclides da Cunha faz sobre o crime que a nação brasileira cometeu contra si própria na Guerra dos Canudos.

b)      Monteiro Lobato imortalizou o personagem Jeca Tatu, transformando-o no símbolo do caipira subdesenvolvido que vive na indolência e pratica sempre a "lei do menor esforço".

c)       Mário e Oswald de Andrade notabilizaram-se como os grandes líderes da revolução de 22 e, portanto, do processo de ruptura em relação à tradição intelectual, libertando a literatura brasileira da "calmaria" em que se encontrava.

d)      Lima Barreto expressou sempre o inconformismo face às injustiças sociais e, na obra "Triste Fim de Policarpo Quaresma", construiu uma imagem caricata do Brasil com todas as suas contradições.

e)      Em "Os Sertões", Euclides da Cunha opõe o homem do sertão ao homem do litoral, acentuando-lhes as diferenças econômicas e socioculturais.

 

TEXTO

"(...) esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se."

 

26.     Assinale a frase que, retirada de "Os sertões", sintetiza o trecho citado.

a)      "é o homem permanentemente fatigado"

b)      "o sertanejo é, antes de tudo, um forte"

c)       "a raça forte não destrói a fraca pelas armas, esmaga-a pela civilização"

d)      "Reflete a preguiça invencível (...) em tudo"

e)      "a sua religião é como ele - mestiça"

 

Leia o trecho abaixo de "Os Sertões," de Euclides da Cunha.

“Daquela data ao termo da campanha a tropa iria viver em permanente alarma”. (...) A tática invariável do jagunço, expunha-se temerosa naquele resistir às recuadas, restribando-se* em todos os acidentes da terra protetora. Era a luta da sucuri flexuosa* com o touro pujante. Laçada a presa, distendia os anéis; permitia-lhe a exaustão do movimento livre e a fadiga da carreira solta; depois se constringia repuxando-o, maneando-o nas roscas contráteis, para relaxá-las de novo, deixando-o mais uma vez se esgotar no escarvar*, a marradas, o chão; e novamente o atrair, retrátil, arrastando-o - até ao exaurir completo...”.

§  *restribar - estar firme, estar escorado.

§  *flexuoso - sinuoso, torcido, tortuoso.

§  *escarvar - cavar superficialmente.

 

27.     Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao trecho.

a)      O jagunço, ao aproveitar-se dos "acidentes da terra protetora", conseguia superar-se e confrontar-se com o inimigo, trazendo-lhe novas dificuldades.

b)      O "touro pujante", apesar de sua força, na ilusão do movimento livre, acaba se exaurindo.

c)       No confronto, a "sucuri flexuosa" vence, pois usa os recursos de que dispõe.

d)      No trecho, a imagem da luta entre a "sucuri flexuosa" e o "touro pujante" é uma metáfora da luta entre jagunços e expedicionários.

e)      A "sucuri flexuosa" e o "touro pujante" estão em constante confronto sem que haja um vencedor.

 

28.     Obra pré-modernista eivada de informações histórias e científicas, primeira grande interpretação da realidade brasileira, que, buscando compreender o meio áspero em que vivia o jagunço nordestino, denunciava uma campanha militar que investia contra o fanatismo religioso advindo da miséria e do abandono do homem do sertão. Trata-se de:

a)      O sertanejo, de José de Alencar.

b)      Pelo sertão, de Afonso Arinos.

c)       Os Sertões, de Euclides da Cunha.

d)      Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

e)      Sertão, de Coelho Neto.

 

29.     Fazendo um paralelo entre Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pode-se afirmar:

a)        Em ambas as obras predomina o espírito científico, sendo analisados aspectos da realidade brasileira.

b)       Ambas têm por cenário o sertão do Brasil setentrional, sendo numerosas as referências à flora e à fauna.

c)        Ambas as obras, criações de autores dotados de gênio, muito enriqueceram a nossa literatura regional de ficção.

d)       Ambas têm como principal objetivo denunciar o nosso subdesenvolvimento, revelando a miséria física e moral do homem do sertão.

e)       Tendo cada uma suas peculiaridades estilísticas, são ambas produto de intensa elaboração de linguagem.

 

 

Gabarito:

1.       C

2.       D

3.       D

4.       D

5.       A

6.       B

7.       E

8.       B

9.       A estrada não é descrita, tendo em vista a riqueza natural da área, mas em seus aspectos áridos e difíceis.

10.   D

11.    

a)      A terceira parte de Os sertões, de Euclides da Cunha, denomina-se “A luta”.

b)      “Canudos não se rendeu”

c)       “(...) rugiam raivosamente (...)”

d)      O que descrevia era tão dolorosamente absurdo que poucos acreditariam.

 

12.    

a)      Determinismo.

b)      Explicava as ações humanas a partir de três fundamentos: o meio, a raça e o momento. A adesão de Euclides da Cunha às teses deterministas aparece em vários pontos do livro. No trecho citado, o meio ambiente (no caso, o clima quente) age de forma decisiva na determinação da conformação moral dos habitantes (marcada pela apatia e pela incapacidade natural ao trabalho intelectual).

c)       O Naturalismo, cujas ideias tomavam por base concepções científicas, entre as quais as do Determinismo.

 

13.   A natureza é mostrada de forma viva e atuante (superando o sentido puramente científico do relato), influenciando no desenrolar dos acontecimentos que teriam lugar ali. As expressões que indicam a ação da natureza. são: “a caatinga o afoga”, “agride”, “estonteia”, “enlaça”, “repulsa” etc. Repare que essas imagens mostram uma natureza plena de contradições, que, ajuizadas, serão as causas mais profundas da guerra que o livro narra.

14.   M – J – M

15.   III E IV

16.   C

17.   A

18.   A

19.   D

20.    

a)      VIDAS SECAS, de Graciliano Ramos, pois trata de forma crítica e realista do problema da seca e da vida dura dos retirantes.

b)      Porque se ocupa também de retratar criticamente a realidade, ainda que influenciado pelo determinismo do século XIX.

21.   C

22.   D

23.   C

24.   C

25.   C

26.   B

27.   E

28.   C

29.   E

30.   A

 

 

 

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