TEXTO
As empresas se transformaram profundamente.
Modernizaram sua tecnologia e seus métodos de gestão para tornarem-se
competitivas e ajustarem-se às exigências da globalização. Mexeram em seus
horários em razão dos interesses da produção, mas mantiveram-se, em sua
esmagadora maioria, cegas e alheias à existência da vida privada de seus
empregados. Parques industriais de última geração não rimam com o
impressionante atraso no tratamento do que chamam de capital humano.
Se,
atualmente, em raras empresas, já é aceitável que uma mulher reivindique tempo
parcial de trabalho para dedicar-se à família, sem que isso a desqualifique aos
olhos do empregador, o mesmo não acontece com um homem. No caso improvável de
uma reivindicação desse tipo, ele seria certamente percebido como portador de
alguma característica pelo menos insólita, o que é uma dupla injustiça, porque
condena os homens à imobilidade e à impossibilidade de mudança de mentalidade e
de vida e as mulheres a assumir sozinhas a vida familiar.
Os
poderes públicos, tão indiferentes quanto as empresas, continuam a encarar as
instituições de acolhida a crianças e idosos como se fossem não a obrigação de
uma sociedade moderna e civilizada, mas como um favor feito às mulheres.
Os
argumentos do custo exagerado dessas instituições e do seu peso insuportável em
orçamentos precários fazem que a obrigatoriedade do Estado de oferecer as
melhores condições de instrução e educação desapareça como prioridade.
Em
relação à vida privada, não mudaram as mentalidades e, consequentemente, as
responsabilidades não são compartilhadas. Se fossem, forçariam a reorganização
do mundo do trabalho. Rosiska Darcy de Oliveira. Reengenharia do tempo. Rio de
Janeiro: Rocco, 2003, p. 67-8 (com adaptações).
Acerca das ideias desenvolvidas no texto acima e das estruturas linguísticas nele utilizadas, julgue os próximos itens.
1.
No primeiro parágrafo do texto, a autora aponta a dicotomia entre o
desenvolvimento das empresas que efetivaram o processo de modernização e o
atraso verificado no regime de trabalho dos empregados dessas empresas.
2.
No trecho “Mexeram em seus horários” , o pronome “seus” refere-se a
“empregados” .
3.
Os termos “cegas”, “rimam” e “aos olhos” foram empregados, no texto, em
sentido figurado.
4.
Na linha 12, a
supressão do pronome “se” em “dedicar-se” acarretaria mudança de sentido do
período.
5.
Na visão da autora do texto, a priorização de serviços de creches e de
atendimento a idosos pelo Estado, bem como a mudança na organização do tempo no
trabalho realizada pelas empresas, por si sós, acarretariam transformação no
compartilhamento de responsabilidades na vida privada.
GABARITO
1.
C
2.
E
3.
C
4.
C
5.
E
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