Cartas Chilenas – Tomás Antônio Gonzaga
Este poema satírico, composto de 13 cartas, circulou
anonimamente em Vila Rica (atual Ouro Preto) entre 1787 e 1788. Denunciava, de
maneira indireta, crítica e original, os abusos e desmandos do governador da
época.
De
“Critilo” a “Doroteu”
As “cartas”, na verdade poemas escritos em versos
decassílabos brancos, foram escritas por um suposto cavalheiro de nome Critilo
(Tomás Antônio Gonzaga) a seu
amigo Doroteu (Cláudio
Manuel da Costa, também poeta e amigo do autor). Utilizava o artifício de
situar os acontecimentos no Chile, mas a paisagem, os personagens e os fatos
narrados denunciavam de maneira clara as arbitrariedades cometidas pelo
governador de Vila Rica.Embora na época não se soubesse quem era o autor dessas
“cartas”, as demais identidades ficavam claras: Fanfarrão Minésio era o
governador Luís da Cunha Menezes, e o Chile era a própria Vila Rica, local onde
circularam as cartas. A primeira carta já apresenta linguagem direta, sugerindo
quase uma conversa entre autor e receptor.
Discurso enfático e irônico
O chamado dirigido a Doroteu transforma-se em um
discurso enfático do autor para o leitor. Não é apenas Doroteu quem deve
“acordar” para a realidade dos fatos de sua cidade, mas todos os leitores
dessas cartas, vítimas de um governo violento e arbitrário.
O recurso da ironia ganha ainda mais força na oitava
carta, ao denunciar as arbitrariedades nas cobranças, muitas vezes indevidas, e
o desrespeito não só às leis, como à dignidade do ser humano.
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