Orações subordinadas adverbiais


Orações subordinadas adverbiais  

Relembrando o que já se informou nas orações substantivas e nas adjetivas, a oração subordinada é apenas uma função sintática da oração principal, cabendo à subordinada adverbial a função de adjunto adverbial. Então, se uma oração é subordinada adverbial causal, conclui-se que funciona como adjunto adverbial de causa; se uma oração é subordinada adverbial temporal, é um adjunto adverbial de tempo...  

Causais

Possuem uma ideia de CAUSA, RAZÃO, MOTIVO. São diferentes das ORAÇÕES COORDENADAS EXPLICATIVAS, pois estabelecem a relação causa-efeito. As conjunções mais comuns são: POIS, PORQUE, COMO, JÁ QUE, VISTO QUE, PORQUANTO...

§  Trabalho muito porque preciso de dinheiro.

§  Como estava frio, saí de casaco.

§  Já que ele foi embora, vou também.
 

As conjunções PORQUE, COMO e JÁ QUE introduzem uma ideia de causa para o fato que ocorre na outra oração.  

Relembremos a diferença semântica que sugere a conjunção POIS nas frases a seguir.

§  Ele ainda não chegou; está, pois, preso no trânsito.

§  Ele ainda não chegou, pois está preso no trânsito.

§  Volte logo, pois está tarde.

Observe que o primeiro POIS está numa oração que tem ideia de dedução. Não se tem a informação de que ELE ESTÁ PRESO NO TRÂNSITO, então se procede a esta dedução. Sendo assim, o primeiro POIS é uma CONJUNÇÃO COORDENATIVA CONCLUSIVA.

Observe que o segundo POIS introduz uma ideia de causa para a primeira oração, tendo a segunda oração o valor de consequência.  

Já o terceiro POIS também introduz uma ideia de EXPLICAÇÃO para a ordem inserida na primeira oração.  

Concessivas

Possuem uma oração cujo fato não modifica o evento da outra oração. As conjunções mais comuns são: EMBORA, MESMO QUE, AINDA QUE, CONQUANTO (sinônimo de embora), MALGRADO...

§  Ainda que não haja brisa nenhuma, parece.

§  Embora tenha estudado, ele não foi aprovado.

§  “Que passa, um momento, uma leve brisa” (Fernando Pessoa).


A conjunção AINDA QUE introduz uma oração incapaz de modificar o evento da outra oração, ou seja, o fato de não haver brisa acaba por não alterar o efeito: parecer que passa uma leve brisa.

Malgrado ele admitisse o erro, não o reparou.

 
Observe que a conjunção MALGRADO introduz uma oração que não muda o evento da outra oração. O fato de ser tarde não me impede de sair.

Mesmo que ele venha, não resolverá o problema.  

Observe que o fato de ele ir (ou não) não altera a consequência: o problema não será resolvido.  

BIZU É bom não olvidar que algumas conjunções concessivas introduzem fatos concretos e outros fatos hipotéticos que não alteram o efeito. Revendo o terceiro exemplo, observe que a conjunção MESMO QUE introduz uma situação hipotética (não se sabe se ele irá ou não) que não altera o outro fato (o problema não será resolvido). Já no segundo exemplo, o fato concreto de a pessoa já admitir o erro não altera o fato de não repará-lo.  

Condicionais

Possuem uma ideia de condição, hipótese. Esta ideia é exatamente oposta à da concessão. Um fato sempre ai depender do outro. As conjunções mais comuns são SE, CASO, CONTANTO QUE, A NÃO SER QUE, A MENOS QUE... 

Obs.: É fundamental relembrar que a ideia de condição está intimamente ligada à ideia de causa. Tal se justifica por ambas representarem fatos anteriores que gerarão efeitos. Diferem-se apenas quanto ao fato de a condição designar uma situação incerta e a causa indicar uma certeza.

§  “Eu teria um desgosto profundo, se faltasse o Flamengo no mundo” (Lamartine Babo).

Observe que a conjunção SE introduz uma condição (se faltasse o Flamengo no mundo) para que eu tivesse um desgosto profundo. Cumpre observar a proximidade dos valores de causa e condição. A segunda oração (se faltasse o Flamengo no mundo) gera uma consequência (Eu teria um desgosto profundo).

Caso você melhore, volte logo para casa.  

A conjunção CASO introduz a condição para que ele volte para casa. A pessoa melhorando (não é sabido se ai melhorar ou não) gera a consequência de poder voltar para casa. Observe como a condição expressa uma ideia oposta à concessão. Na frase “Mesmo que você melhore, não voltará para casa.”, o fato de a pessoa melhorar – ou não – não altera o efeito: não poderá voltar para casa.  

Temporais

Possuem uma ideia de marcação de tempo. É como se uma oração possuísse a função de marcar o tempo do outro fato. As conjunções mais comuns são: QUANDO, MAL, LOGO QUE, APENAS (sinônimo de quando).

§  Assim que resolveu estudar, seu rendimento melhorou.”  

Observe que a conjunção ASSIM QUE introduz uma marcação temporal, funcionando como “A partir do dia em que”.

§  Apenas ele limpou a casa, as moscas sumiram.
 

Antes de o sujeito ELE limpar a casa, as moscas existiam; depois que a casa foi limpa, as moscas sumiram.  

Obs.: Vale a pena analisar a conjunção DESDE QUE nas frases a seguir.

§  Desde que economizemos, compraremos tudo.  

A locução conjuncional DESDE QUE introduz uma condição para que possamos comprar tudo, portanto a locução conjuncional é subordinativa condicional.

§  Desde que ele chegou, nunca mais houve problemas. 

Observe que a conjunção DESDE QUE marca o início da época em que os problemas se findaram, significando “A partir do dia em que ele chegou...”  

Obs.: Há casos de orações temporais sem conectores.

§  Ele chegou há (faz) duas semanas.

Consecutivas

Possuem uma ideia de consequência. Normalmente na oração principal aparecerá um destes elementos de intensidade (tão, tal, tamanho, tanto). A conjunção mais comum é QUE.

§  “Amo tanto e de tanto amar, acho que ela é bonita” (Chico Buarque).

§  “... e com tamanho empenho a lamentou, que a boa mulher o escolheu para confidente das suas desventuras” (Aluísio de Azevedo).

Observe, nas duas frases, que apareceu o advérbio de intensidade (TANTO, TÃO) na oração principal e as consequências introduzidas pela conjunção QUE – implícita no primeiro exemplo, antes de “acho” – são na primeira frase (acho que ela é bonita) e na segunda frase (a boa mulher o escolheu para confidente das suas desventuras).  

Finais

Possuem uma ideia de finalidade, objetivo. Todas as conjunções finais podem ser substituídas pela palavra OBJETIVO.

§  A fim de ter sucesso na vida, estudo todos os dias.

Proporcionais

Possuem uma ideia de proporção. As conjunções mais comuns são: À MEDIDA QUE, À PROPORÇÃO QUE, QUANTO.

§  Quanto menos ele reclama, mais ele conquista a simpatia de todos.  

A conjunção QUANTO introduz a proporção entre ELE MENOS RECLAMAR e ELE CONQUISTAR A SIMPATIA DE TODOS. Se reclamar pouco, conquista mais a simpatia de todos; se ele reclamar muito, ele conquista menos a simpatia de todos.

§  “À medida que engolia uma troça, uma pilhéria, vinha-lhe meditar sobre a sua lembrança” (Lima Barreto).  

A conjunção À MEDIDA QUE introduz a proporção entre ENGOLIR E VIR-LHE MEDITAR.  

Conformativas

Possuem uma ideia de conformidade, de estar de acordo. As conjunções mais comuns são: DE ACORDO COM QUE, CONFORME, COMO.

§  Agi conforme me foi ordenado.  

A conjunção CONFORME introduz a conformidade da ação com o que foi ordenado.

§  Bebi apenas dois copos de cerveja, como manda a lei.

 

A conjunção COMO introduz a conformidade de BEBER DOIS COPOS DE CERVEJA com o que manda a lei.  

Comparativas

Possuem uma ideia de comparação. Esta comparação pode ser de superioridade, igualdade ou inferioridade. As conjunções mais comuns são (DO) QUE, COMO, CONFORME.

§  Agi conforme você agiu 

A conjunção CONFORME estabelece uma comparação de igualdade entre a ação do sujeito da primeira oração (eu) e o sujeito da segunda (você).

§  “Viver contigo qual Jacó vivera” (Castro Alves).
 

A conjunção QUAL introduz uma comparação de igualdade da forma como alguém e Jacó viveram com a outra pessoa.

§  “... às vezes mais fétidos do que a evaporação de um lameiro” (Aluísio de Azevedo).  

A conjunção DO QUE introduz uma ideia de que algo mencionado anteriormente seja mais fétido que o lameiro, estando o verbo da segunda oração subentendido.

§  “Interdizia-o menos por debelar um vício que para prevenir desordens” (Euclides da Cunha).  

A conjunção QUE indica ter ocorrido a ação menos por um motivo do que pelo outro.  

Obs.: Convém lembrar que o termo “do”, nas expressões comparativas de superioridade ou de inferioridade “do que”, pode ser extraído sem prejuízo semântico ou gramatical.

Modais

Acrescentam ao período valor de modo. É interessante esclarecer que esta oração não está prevista na NGB, contudo os principais gramáticos a citam, como Evanildo Bechara e Rocha Lima.

§  Não estudava sem que reclamasse.  

Observe que a oração “sem que reclamasse” indica o modo como estudava (reclamando).

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