O Ateneu - Resumo
Obra de Raul Pompéia
publicada em 1888, O Ateneu narra o percurso de Sérgio pelo colégio
interno Ateneu, localizado no bairro Rio Comprido, no Rio de Janeiro. Antes de
entrar para o internato, Sérgio já havia passado por um externato e por um
professor particular. Porém, a sua experiência de ingressar no colégio é um
marco do fim de sua infância e início de sua maturidade, deixando para trás a
proteção materna em busca de uma educação moral. Era esse um objetivo, se não o
maior, do colégio dirigido pelo pedagogo Sr. Aristarco.
Antes do ingresso, Sérgio e
seu pai foram visitar o diretor. Ao chegar lá, conheceram também D. Ema que
pediu para Sérgio cortar os cabelos, como despedida dos laços maternos. Pois,
apesar do colégio de ser a extensão do lar, ele tem por objetivo a educação
moral e disciplinada dos alunos. Ao ingressar na sala, o narrador descreve a
primeira impressão dos alunos. Orientado pelo professor, Sérgio senta-se ao
lado do bom aluno Rebelo, com quem teve seu primeiro contato. Ao ser
apresentado a sua turma à frente pelo professor, Sérgio acaba sofrendo um
desmaio. Ele passa a caminhar pelo pátio e fazer observações sobre alunos,
sobre o espaço físico, sobre a disciplina do colégio. Durante uma aula de
natação, Sérgio acaba se afogando e Sanches o salva. Começa a partir de então
uma amizade entre os dois. Sérgio busca um protetor para si. Como bom aluno que
era o Sanches, Sérgio passa a fazer suas lições com ele. Porém, um envolvimento
mais íntimo é percebido pelo Sérgio, e os dois brigam. Sérgio começa então a
tirar notas baixas e o diretor expõe esse resultado a todos.
Após a briga, Sérgio anda um
tempo sozinho e acabou por se tornar amigo de Franco, que era sempre castigado.
Por vingança, Franco resolve jogar lascas de vidros na piscina, e Sérgio
observa tudo. Com remorso, vai para a capela rezar. Não acontece nada com os
alunos, mas Sérgio acaba sendo castigado por ter dito que estava colhendo no
jardim de noite, na hora em que Franco jogou as lascas. O diretor chama então
Franco e Sérgio de peraltas na frente de todos.
Sérgio aproxima-se então de
Barreto, um amigo beato, e conversa sobre Deus e o temor a ele. Influenciado
por Barreto, Sérgio reza, faz jejum, mas mesmo assim tira nota baixa.
Revolta-se contra Deus. Após o afastamento de Barreto, decide seguir sozinho e
almeja o cargo de vigilante, pois assim não precisaria da ajuda de Deus ou de
amigo algum. Nesse momento, um jardineiro do Ateneu mata outro funcionário por
uma briga em razão de Ângela. Bento Alves imobiliza o assassino no momento de
fuga. Os dois tornam-se amigos íntimos e inseparáveis; leem juntos poesias,
livros, histórias. Chegam as férias e Bento vai visitar Sérgio em sua casa.
Após a volta às aulas, os dois brigam, sem motivo algum. Porém, no calor da
briga, Sérgio acaba por agredir também o diretor. Bento sai do Ateneu.
Sérgio conhece então Egbert,
intitulado pelo narrador como seu único amigo verdadeiro, uma vez que era uma
amizade sem interesses, apenas alicerçada em admirações sinceras. Egbert sempre
tirava boas notas, e por essa razão foi convidado junto com Sérgio para um
jantar na casa de Aristarco. Nesse jantar, D. Ema estava lá e Sérgio recebeu
muitas carícias dela, reafirmando um amor platônico. Após esse acontecimento,
ele sente-se homem e resolve se afastar de Egbert. Paralelamente, Franco morre
de uma doença misteriosa, ocasionada por maus tratos no colégio.
Há então na escola uma
solenidade onde o Aristarco recebe um busto em cobre. Dividido entre o orgulho
e uma competição com o busto, Aristarco o recebe orgulhosamente. Porém, no
desfecho do livro, acontece um incêndio, provavelmente provocado por Américo e
a escola tem o seu fim. Sérgio fica na casa do diretor recebendo carinhos de D.
Ema.
Análise
O narrador da obra O
Ateneu é um narrador adulto que , sendo personagem enquanto criança,
passou dois anos de sua infância no internato. Aproximando-se da história
pessoal de vida do seu autor, Raul Pompéia, podemos afirmar que essa obra
possui traços de pessoalidade do autor e de identificação. Ao narrar os fatos
passados enquanto adulto, o narrador é emotivo e através de sua memória,
expressa percepções e análises sobre os personagens de sua ruim estadia no
internato. Há um distanciamento de idade, onde os sentimentos do adulto muitas
vezes se confundem com as inseguranças da criança, porém há valores e críticas
à sociedade que são provenientes às percepções de um adulto. A descrição que
acompanha o narrador é uma descrição permeada de críticas à sociedade, ao modelo
de internatos existentes no século XIX.
O livro não possui um enredo
preenchido por acontecimentos inusitados, intrigas, ações, romances como é de
se esperar das obras que conhecemos. Pode-se até afirmar que ele não possui
enredo. O que acontece no livro são análises acerca dos alunos e da escola,
críticas e impressões que são detalhadas no livro com características até mesmo
científicas, ou psicológicas. Sendo assim, apesar de ser enquadrada no
movimento de Realismo – Naturalismo, o livro possui traços do expressionismo,
impressionismo, simbolismo, dentre outros. Diferente das obras pertencentes ao
Realismo, O Ateneu não possui uma objetividade e uma
imparcialidade. Até mesmo porque sendo o narrador também personagem, isso não
seria possível. Como uma característica do Naturalismo, também há no livro um
instinto para a homossexualidade, em que Sérgio nas suas relações de amizades
com seus amigos meninos, descreve-os com uma relação íntima e uma intenção
amorosa.
O livro possui como subtítulo
a irônica frase “Crônicas de saudades”. Além do livro não ser composto por
crônicas, o narrador demonstra ter recordações ruins, de raiva e vingança, bem
longe do sentimento de saudade. Através dos castigos narrados, dos maus tratos,
da hipocrisia, o narrador faz uma crítica à sociedade que, como no Ateneu,
vence sempre o mais forte e os fracos procuram protetores. Porém, não os
encontrando, acabam por sofrer com as injustiças do sistema.
Personagens
§
Sérgio:
personagem principal. Entra aos 11 anos no internato Ateneu e ali tem várias
experiências que são narradas no livro.
§ Aristarco: diretor do colégio e pedagogo
reconhecido por suas obras. Ao mesmo tempo em que é rígido, possui uma alma
paternal.
§ D. Ema: esposa de Aristarco. Sérgio nutre um
amor platônico por ela.
§ Professor Mânlio: Primeiro professor de
Sérgio.
§ Rebelo: primeiro amigo de Sérgio. É bondoso
e um ótimo aluno. Ajudou Sérgio nas lições.
§ Sanches: à primeira vista, é considerado
antipático por Sérgio, salva ele de um afogamento e os dois tornam-se amigos.
§ Barbalho: aluno indisciplinado com quem
Sérgio tem uma briga.
§ Ribas: menino feio, que cantava músicas
religiosas singelamente.
§ Ângela: funcionária espanhola do colégio.
Moça bonita desejada por todos.
§ Egbert: considerado o único amigo verdadeiro
de Sérgio, que o admirava pela sua beleza.
§ Bento Alves: bibliotecário com quem Sérgio
teve uma íntima amizade. Sai do colégio por uma briga que teve com o Sérgio.
§
Américo:
aluno que entra no colégio obrigado pelo pai e que provavelmente é o
responsável pelo início do incêndio.
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