Interpretação de Texto


INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS:

Compreensão e interpretação de textos é um tema que nos acompanha na vida escolar, nos vestibulares, no Enem e em todos os concursos públicos. Comumente encontrarmos pessoas que se queixam de que não sabem compreender e interpretar textos. Muitas pessoas se acham incapazes de resolver questões sobre compreensão e interpretação de textos. 

Nos concursos públicos, este tema está presente nas mais variadas formas. Nas provas, há sempre vários textos, alguns bem grandes, sobre os quais há muitas perguntas com o objetivo de testar a habilidade do concurseiro em leitura, compreensão e interpretação de textos. É preciso ler com muita atenção, reler, e na hora de examinar cada alternativa, voltar aos trechos citados para responder com muita confiança.


Entender as técnicas de compreensão e interpretação de textos, além de ser importante para responder as questões específicas, é fundamental para que você compreenda o enunciado das questões de atualidades, de matemática, de direito e de raciocínio lógico, por exemplo. Muitos candidatos, embora tenham bastante conhecimentos das matérias que caem nas provas, erram nas questões, 
 

Compreensão e interpretação de textos  A maioria não atenta para a diferença que há entre compreensão de texto e interpretação de texto. Compreensão e interpretação de textos são duas coisas completamente diferente. 

  • Compreensão de texto – consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. Os comandos de compreensão (está no texto) são:

    • Segundo o texto...
    • O autor/narrador do texto diz que...
    • O texto informa que...
    • No texto...
    • Tendo em vista o texto...
    • De acordo com o texto...
    • O autor sugere ainda...
    • O autor afirma que...
    • Na opinião do autor do texto...

  • Interpretação de texto – consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. Os comandos de Interpretação (está fora (além) do texto) são:

    • Depreende-se/infere-se/conclui-se do texto que...
    • O texto permite deduzir que...
    • É possível subentender-se a partir do texto que...
    • Qual a intenção do autor quando afirma que...
    • O texto possibilita o entendimento de que...
    • Com o apoio do texto, infere-se que...
    • O texto encaminha o leitor para...
    • Pretende o texto mostrar que o leitor...
    • O texto possibilita deduzir-se que...

TEXTO

Se essa ainda é a situação de Portugal e era, até bem pouco, a do Brasil, havemos de convir em que no Brasil-colônia, essencialmente rural, com a ojeriza que lhe notaram os nossos historiadores pela vida das cidades - simples pontos de comércio ou de festividades religiosas -, estas não podiam exercer maior influência sobre a evolução da língua falada, que, sem nenhum controle normativo, por séculos “voou com as suas próprias asas”.

                               (Celso Cunha, in A Língua Portuguesa e a Realidade Brasileira) 

Segundo o texto, os historiadores:

a)      tinham ojeriza pelo Brasil-colônia.

b)      consideram as cidades do Brasil-colônia como simples pontos de comércio ou de festividades religiosas.

c)       consideram o Brasil-colônia essencialmente rural.

d)      observaram a ojeriza que a vida nas cidades causava.

e)      consideram o campo mais importante que as cidades.

 

Gabarito: D - Há três alternativas com o verbo considerar. As três podem ser eliminadas, uma vez que o texto não diz que os historiadores consideram alguma coisa. Esse verbo implica algum tipo de julgamento, o que não ocorre em nenhum momento. Diz, sim, que eles notaram a ojeriza que havia pela vida nas cidades, isso porque o Brasil-colônia era essencialmente rural. A alternativa a é descabida.

 

Para o autor:

a)      as festas religiosas têm importância para a evolução da língua falada.

b)      No Brasil-colônia, havia a prevalência da vida do campo sobre a das cidades.

c)       a evolução da língua falada dependia em parte dos pontos de comércio.

d)      a evolução da língua falada independe da condição de Brasilcolônia.

e)      a situação do Brasil na época impedia a evolução da língua falada.

 

Gabarito: B - O fato de o Brasil-colônia ser, segundo o texto, essencialmente rural leva à conclusão lógica de que a vida do campo prevalecia sobre a da cidade.

 

TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).

 

CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.

 

INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se INTERTEXTO.  

A Hermenêutica, a área da filosofia que estuda isso, diz que é preciso seguir três etapas para se obter uma leitura ou uma abordagem eficaz de um texto:  

§  Pré-compreensão: toda leitura supõe que o leitor entre no texto já com conhecimentos prévios sobre o assunto ou área específica. Isso significa dizer, por exemplo, que se você pegar um texto do 3º ano do curso de Direito estando ainda no 1º ano, vai encontrar dificuldades para entender o assunto, porque você não tem conhecimentos prévios que possam embasar a leitura.

§  Compreensão: já com a pré-compreensão ao entrar no texto, o leitor vai se deparar com informações novas ou reconhecer as que já sabia. Por meio da pré-compreensão o leitor “prende”  a informação nova com a dele e “agarra” (compreende) a intencionalidade do texto. É costume dizer: “Eu entendi, mas não compreendi”. Isso significa dizer que quem leu entendeu o significado das palavras, a explicação, mas não as justificativas ou o alcance social do texto.

§  Interpretação: agora sim. A interpretação é a resposta que você dará ao texto, depois de compreendê-lo (sim, é preciso “conversar” com o texto para haver a interpretação de fato). É formada então o que se chama “fusão de horizontes”: o do texto e o do leitor. A interpretação supõe um novo texto. Significa abertura, o crescimento e a ampliação para novos sentidos.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. 

Normalmente, numa prova, o aluno é convidado a:

  • identificar: Reconhecer elementos fundamentais apresentados no texto.
  • comparar: Descobrir as relações de semelhanças ou de diferenças entre situações apresentadas no texto.
  • comentar: Relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito.
  • resumir: Concentrar as ideias centrais em um só parágrafo.
  • parafrasear: Reescrever o texto com outras palavras.
  • continuar: Dar continuidade ao texto apresentado, mantendo a mesma linha temática. 

TEXTO

O Ministério da Fazenda descobriu uma nova esperteza no Instituto de Resseguros do Brasil. O Instituto alardeou um lucro no primeiro semestre de 3,1 bilhões de cruzeiros, que esconde na verdade um prejuízo de 2bi. Brasil, Cuba e Costa Rica são os três únicos países cujas empresas de resseguro são estatais.                            ("Veja", 1/9/93, pág. 31) 

01. Conclui-se do texto que seu autor:

a)      acredita que a esperteza do Instituto de Resseguros gerou lucro e não prejuízo.

b)      dá como certo que o prejuízo do Instituto é maior do que o lucro alardeado.

c)       julga que o Instituto de Resseguros agiu de boa fé.

d)      dá a entender que é contrário ao fato de o Instituto de Resseguros ser estatal.

e)      tem informação de que em Cuba e na Costa Rica os institutos de resseguros camuflam seus prejuízos. 

Gabarito: D
 

CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR
 

Fazem-se necessários:

a)      Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática;

b)      Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico;

 
OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros.

c)       Capacidade de observação e de síntese e

d)      Capacidade de raciocínio.

 
TIPOLOGIA TEXTUAL: 

1. Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Exemplo: um romance, um conto, uma poesia...

2. Texto não-literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Exemplo: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento.

 
Classificação:

Descrição - Tipo de texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, por sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos.


Exemplos:


Seu rosto era claro e estava iluminado pelos belos olhos azuis e contentes. Aquele sorriso aberto recepcionava com simpatia a qualquer saudação, ainda que as bochechas corassem ao menor elogio. Assim era aquele rostinho de menina-moça da adorável Dorinha. 

=> Texto Descritivo (sequência de aspectos)

  • Descreve como é um objeto, uma pessoa, uma paisagem, uma cena...;
  • Apresenta o cheiro, a cor, as sensações como aspectos importantes;
  • A finalidade da descrição é fazer ver e sentir;
  • O presente do indicativo e/ou pretérito imperfeito do indicativo predominam na descrição;
  • Os adjetivos estão sempre presentes no texto;
  • O autor adota a postura de observador.
Observação

Normalmente, narração e descrição mesclam-se nos textos; sendo difícil, muitas vezes, encontrar textos exclusivamente descritivos.
 

Narração 

Texto Narrativo (sequência de fatos):

Conta como aconteceu, acontece ou acontecerá algo (real ou imaginário);

  • É necessário uma introdução (Apresentação e conflito), um clímax e um desfecho;
  • O enredo é prioridade;
  • Fundamental é situar o tempo e o espaço físico onde ocorrem os fatos;
  • Dar preferência ao verbo de ação, ao dinamismo, para tornar mais viva a narrativa;
  • O pretérito perfeito e o mais-que-perfeito do indicativo predominam na narrativa;
  • O autor adota a postura de narrador.

A Narração envolve:

I.                    Quem? Personagem;

II.                  Quê? Fatos, enredo;

III.                Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;

IV.                Onde? O lugar da ocorrência;

V.                  Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos;

VI.                Por quê? A causa dos acontecimentos;

 
O texto a seguir foi escrito e interpretado pelo ator e dramaturgo Plínio Marcos. Trata-se de transcrição de um vídeo exibido na Casa de Detenção, em São Paulo.

TEXTO

                Aqui é bandido: Plínio Marcos! Atenção, malandrage! Eu num vô te pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids é uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e sem vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem ai, Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua; Aids passa pelo esperma e pelo sangue, entendeu?, pelo esperma e pelo sangue! (pausa)

                Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é porque tu tá na tranca que virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas é preciso que cada um se cuide, ninguém pode valê pra ninguém nesse negócio de Aids! Então já viu: transá só de acordo com o parceiro, e de camisinha! (pausa)

                Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o companheiro na força bruta, na congesta! Pára com isso, tu vai acabá empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza, pega pra lá e pega pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé, pega em roçadeira! Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tempão sem sabê. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com açúcar da família e manda pra casa o Aids! E num é isto que tu qué, né, vago mestre? Então te cuida! Sexo, só com camisinha. (pausa)

                Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e que ir à forra, passando pros outros. (pausa) Sexo, só com camisinha! Num tem escolha, transá, só com camisinha.

                Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu tô sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escuta bem, vago mestre, a seringa é o canal pro Aids. No desespero, tu não se toca, num vê, num qué nem sabê que, às vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue, e tu mete ela direta em ti. Às vezes, ela parece que vem limpona, e vem com a praga! E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas que diz que num pode agüentá a tranca sem pico, se cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (pausa) E a farinha que tu cheira, e a erva que tu barrufa enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa praga que está aí. Então, malandro, se cobre! Quem gosta de tu é tu mesmo. A saúde é como a liberdade. Agente só dá valor pra ela quando ela já era!                (Vídeo exibido na Casa de Detenção, São Paulo)

 

01.   O texto que lhe apresentamos não se realiza de acordo com a chamada "norma culta da Língua Portuguesa". No entanto, sua eficácia se dá pela relação de identidade que mantém com grande parcela das pessoas a que se destina. Mediante estas observações:

a)      Cite três ocorrências gramaticais que caracterizam esse desvio da norma culta. Exemplifique-as.

b)      Que função exercem no texto as expressões "atenção, malandrage" (1¡. parágrafo), "vago mestre" (3¡. e 5¡. parágrafos) e "malandro" (5¡. parágrafo)?

 

Gabarito:

a)      Escrita não ortográfica: "malandrage", "vô". Falta de concordância: "tu tá na tranca". Uso de gírias: "te liga aí", "na congesta".

b)      Vocativo.

 

ERROS DE INTERPRETAÇÃO.

 

É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são:

§  Extrapolação (viagem) - Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.

§  Redução - É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido.

§  Contradição - Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão.

 

Ø  OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais.



COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.

 

Ø  OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente.

 

Ø  Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sedo, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber:

 

§  QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUALQUER ANTECEDENTE. MAS DEPENDE DAS CONDIÇÕES DA FRASE.

§  QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR.

§  QUEM (PESSOA)

§  CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O POSSUIDOR E DEPOIS, O OBJETO POSSUÍDO.

§  COMO (MODO)

§  ONDE (LUGAR)

§  QUANDO (TEMPO)

§  QUANTO (MONTANTE)


A compreensão e interpretação de textos, através da ótica das provas de concursos públicos e vestibulares, é simplesmente entender o conteúdo do texto focado, isto é, limita-se rigorosamente ao que o texto diz, de maneira explícita ou implicitamente. Ao se fazer a compreensão e interpretação de textos, não se deve preocupar-se com o subjetivismo, a moral, o emocional, que seu conteúdo possa inspirar. Deve-se ficar restrito àquilo de que o texto trata, às ideias explícitas e implícitas que seu autor expõe. As experiências de vida do intérprete não interessam à compreensão e interpretação de textos.

 
                DESAFIO  

TEXTO I  – PERDÃO 

Perdoar alguém é renunciar ao ressentimento, à ira ou a outras reações justificadas por algo que essa pessoa tenha feito. Isso levanta um problema filosófico: essa pessoa é tratada de forma melhor do que ela merece; mas como pode exigir-se, ou mesmo como permitir-se, tratar alguém de uma maneira que não merece? Santo Agostinho aconselhava-nos a detestar o pecado, mas não o pecador, o que também indica uma atitude objetiva ou impessoal para com o pecador, como se o caráter do agente estivesse apenas acidentalmente ligado ao caráter detestável de suas ações. (Simon Blackburn)

 

02.   “Perdoar alguém é renunciar ao ressentimento...”; o vocábulo renunciar equivale semanticamente (sinônimo) a:

a)      denunciar

b)      anunciar

c)       abandonar

d)      retirar

e)      condenar

 

03.   O termo alguém da primeira frase do texto aparece referido com outras palavras no desenvolvimento do texto; o único termo destacado que NÃO o repete é:

a)      “...por algo que essa pessoa tenha feito.”

b)      “...é tratada de forma melhor do que ela merece;...”

c)       “...a detestar o pecado, mas não o pecador,...”

d)      “...como se o caráter do agente...”

e)      “...ligado ao caráter detestável de suas ações.”

 

04.    “Isso levanta um problema filosófico: essa pessoa é tratada de forma melhor do que ela merece;...”; esse segmento do texto diz-nos, implicitamente, que:

a)      todos devem ser tratados segundo seus atos.

b)      devemos tratar a todos de forma semelhante.

c)       todos devem ser tratados de forma melhor do que merecem.

d)      todos devem ser tratados de forma pior do que merecem.

e)      ninguém deve ser maltratado.

 

05.   Santo Agostinho ensina que:

a)      não devemos confundir agente e paciente.

b)      devemos separar ato e agente.

c)       devemos confundir agente e ação.

d)      devemos perdoar o ato e condenar o agente.

e)      agente e ato são elementos idênticos.

 

Gabarito:

 

01)      Letra c - Questão de sinonímia. Renunciar e abandonar podem ser usados indiferentemente no texto. É claro que nem sempre esses vocábulos serão sinônimos. Se dissermos, por exemplo, “ele abandonou a cidade”, o verbo abandonar não poderá ser substituído por renunciar. Vale dizer que não existem sinônimos perfeitos, em língua alguma.

02)      Letra e - Temos aqui uma questão envolvendo coesão textual, ou seja, a ligação entre os componentes de um texto. Volte ao texto e veja que “alguém” é o ser que praticou um ato errado. Leia com atenção as frases destacadas nas opções da questão. A única em que o termo destacado não se refere a “alguém” é a última.

03)      Letra a - Se o autor acha que ser tratado de maneira melhor do que se merece é um problema filosófico, é porque o ideal seria tratar a todos de acordo com as suas atitudes, o que nos leva para a letra a.

04)      Letra b - Santo Agostinho dizia que devíamos detestar o pecado, mas não o pecador. O pecador, ou seja, quem cometeu um delito, é o agente; o pecado, isto é, o delito cometido, é a ação. Ele achava que o erro, o ato infeliz cometido é que deveria ser detestado por todos nós, nunca o indivíduo que o praticou. Assim, ele separava o ato do agente que o praticou.

 

DESAFIO II 

TEXTO

Li que a espécie humana é um sucesso sem precedentes.

Nenhuma outra com uma proporção parecida de peso e volume se iguala à nossa em termos de sobrevivência e proliferação. E tudo se deve à agricultura. Como controlamos a produção do nosso próprio alimento, somos a primeira espécie na história do planeta a poder viver fora de seu ecossistema de nascença. Isso nos deu mobilidade e a sociabilidade que nos salvaram do processo de seleção, que limitou outros bichos de tamanho equivalente e que acontece quando uma linhagem genética dependente de um ecossistema restrito fica geograficamente isolada e só evolui como outra espécie. É por isso que não temos mudado muito, mas também não nos extinguimos.                     (Luís Fernando Veríssimo)

 

01.   Segundo o texto, o sucesso da espécie humana é medido:

a)      por sua capacidade de viver fora de seu ecossistema

b)      por sua sobrevivência e proliferação

c)       por possibilidade de produzir seu próprio alimento

d)      por sua inalterabilidade e resistência à extinção

e)      por sua agricultura

 

02.   Dizer que a espécie humana “é um sucesso sem precedentes” equivale a dizer que:

a)      não há explicações possíveis para esse sucesso.

b)      poucas espécies tiveram sucesso semelhante.

c)       nada ocorreu antes que pudesse explicar esse fato.

d)      nenhuma outra espécie já atingiu tal sucesso.

e)      nosso sucesso é independente de nossos antepassados.

 

03.    Precedente e procedente são palavras de forma semelhante, mas de significados distintos. A frase abaixo em que há ERRO no emprego da palavra destacada é:

a)      A nova pesquisa deve fazer emergir resultados interessantes.

b)      É necessário ter bom senso para julgar os questionários da pesquisa.

c)       Muitas informações mostram descriminação racial em pequena parte da população.

d)      alguns pesquisadores são destratados pelos entrevistados.

e)      alguns entrevistados indicam sua naturalidade em vez de sua nacionalidade.

 

04.   “Nenhuma outra com uma proporção parecida de peso e volume se iguala à nossa em termos de sobrevivência e proliferação”. Pode-se inferir desse segmento que:

a)      não há outras espécies com a mesma proporção de peso e volume que a espécie humana.

b)      só a espécie humana vai sobreviver.

c)       só a espécie humana proliferou de forma tão rápida e ampla.

d)      sobrevivência e proliferação são valores que medem o sucesso de uma espécie.

e)      nossa proporção de peso e volume ajudou a nossa espécie a ter sucesso.

 

05.   O termo destacado nos itens abaixo refere-se a algum termo anterior do texto; o item em que essa referência é esclarecida de forma ERRADA é:

a)      Nenhuma outra (espécie) com uma proporção parecida...

b)      ...se iguala à nossa (proporção) em termos de sobrevivência...

c)       Isso (o fato de viver fora de nosso ecossistema de nascença) nos deu mobilidade...

d)      ...que (mobilidade e sociabilidade) nos salvaram do processo de seleção.

e)      ...e que (processo de seleção) acontece quando uma linhagem genética...

 

06.    “Como controlamos a produção de nosso próprio alimento, somos a primeira espécie na história...”; a oração sublinhada apresenta, em relação à seguinte, o valor de:

a)      condição

b)      modo

c)       comparação

d)      conclusão

e)      causa

 

07.    O item em que o sinônimo da palavra destacada está corretamente indicado é:

a)      “...em termos de sobrevivência e proliferação.” - multiplicação

b)      “Isso nos deu mobilidade...” - rapidez

c)       “Isso nos deu mobilidade e a sociabilidade...” - negociação

d)      “...que limitou outros bichos...” - confirmou

e)      “... de um ecossistema restrito...” - selecionado.

 

08.   O item abaixo que apresenta uma afirmação correta em relação ao texto lido é:

a)      O autor declara sua esperança na sobrevivência da espécie humana.

b)      O texto analisa a independência da espécie humana em relação à produção de seus próprios alimentos.

c)       O texto mostra certas peculiaridades da espécie humana em relação a outras espécies.

d)      O autor prevê certas dificuldades para a sobrevivência da espécie humana no planeta.

e)      O texto alude à possibilidade de a espécie humana ficar dependente de um ecossistema restrito.

 

09.   “Li que a espécie humana é um sucesso sem precedentes.”; a frase abaixo cuja estrutura ALTERA o sentido original desse segmento é:

a)      Li que o sucesso da espécie humana é sem precedentes.

b)      A espécie humana é um sucesso sem precedentes, segundo o que li.

c)       Ser a espécie humana um sucesso sem precedentes foi o que foi lido por mim.

d)      Li ser a espécie humana um sucesso sem precedentes.

e)      Li que a espécie humana é um sucesso que não tem precedentes.

 

Gabarito: 

1. Letra b - A resposta pode ser localizada, com clareza, no segundo período, onde se destaca a expressão sobrevivência e proliferação.

2. Letra d - Precedente é o que vem antes. Assim, um sucesso sem precedentes é um sucesso que não teve outro igual, antes dele. Podemos entender, também, que a expressão sem precedentes quer dizer sem igual. Daí a resposta ser a letra d.

3. Letra c - O enunciado dá uma definição que serve tanto para homônimos como para parônimos. O texto serviu apenas para motivar a questão, tomando por base a palavra precedente. Diz-se que precedente e procedente são parônimos. Todas as alternativas apresentam palavras que têm parônimos ou homônimos: emergir/imergir, senso/censo, descriminação/discriminação, destratados/distratados, em vez de/ao invés de. Neste último caso, trata-se de expressões que podemos entender como parônimas, tal a sua semelhança. Emergir significa sair (de um líquido ou de algo), imergir que dizer entrar (no líquido); senso é juízo, censo é recenseamento, pesquisa de opinião; destratados quer dizer tratados mal, distratados significa rescindidos (os contratos); em vez de é uma expressão que denota substituição, já ao invés de indica oposição. Na letra c houve troca no emprego dos parônimos, já que deveria ter sido usado o vocábulo discriminação, que significa separação. Descriminação é o ato de descriminar, absolver de crime.

4. Letra d - No trecho anterior a este, o autor diz que nenhuma espécie se iguala à humana em termos de sucesso alcançado (sucesso sem precedentes). Agora, no trecho do enunciado, o autor afirma que nenhuma outra espécie se iguala à humana no que toca à sobrevivência e à proliferação. Então, deduz-se que a sobrevivência e a proliferação é que medem o sucesso de uma espécie, o que nos leva para a opção d.

5. Letra b - Questão de coesão textual. Nossa refere-se ao substantivo espécie, e não ao vocábulo proporção. Observe o emprego de isso, na opção c: refere-se a um fato passado, e não a uma palavra ou expressão.

6. Letra e - Mais uma questão envolvendo os significados da palavra como. No trecho, ela pode ser substituída por porque e inicia oração subordinada adverbial causal. Isso quer dizer que a primeira oração do período é a causa do que ocorre na segunda, que então expressa uma consequência.

7. Letra a - Questão de sinonímia. Proliferação equivale, no texto, a multiplicação. Em todas as outras alternativas, não existem sinônimos.

8. Letra c - O texto destaca características próprias da espécie humana, como o controle da produção do próprio alimento e a sociabilidade e a mobilidade, estas por causa da capacidade de viver fora do seu ecossistema de nascença. São peculiaridades que distinguem a espécie humana de outras. Assim, o gabarito só pode ser a opção c.

9. Letra a - Questão de paráfrase. É quase imperceptível a diferença. O sentido da frase original é amplo: a espécie humana é um sucesso (no caso, sem precedentes); nenhuma outra se iguala a ela. Na variante, fala-se em sucesso da espécie humana, o que é mais restrito.

 
TEXTO

 Atenção: As questões de números 1 a 7 baseiam-se no texto apresentado abaixo. 

Passatempo ou obsessão?

Desde que o mundo é mundo, há pessoas que se dedicam a juntar bugigangas. Por que é preciso possuí-las, e não só saber que elas existem? Apesar de não colecionar objetos, o historiador alemão Philipp Blom coleciona teorias para explicar essa mania. Segundo ele, o hábito de juntar quinquilharias tem justificativas históricas, filosóficas e psicológicas  − todas tratam o colecionismo como algo mais que um simples passatempo de adolescentes. Tem a ver com sentimento de grupo, competição, medos, fracassos, desejos não realizados, vontade de se isolar num mundo e ser capaz de comandá-lo.

Mas não pense que todo colecionador é um sujeito mal-amado, reprimido, solitário. Colecionar quando criança tem lá suas vantagens. Ensina a organizar e controlar as coisas, decidir a vida e a morte de cada objeto. Eis uma boa forma de aprender a tomar decisões e a lidar com o mundo exterior. Quem passa da adolescência e continua colecionando pode ter sido fisgado pelo saudosismo, na tentativa de reviver o tempo em que jogava bafo com o vizinho ou ia de mãos dadas com o pai comprar brinquedos.

Sabe-se hoje que já existiam colecionadores na Roma antiga e até no Egito − o faraó Tutancâmon tinha o seu acervo de porcelanas finas. Mas o colecionismo só saiu das mãos dos reis quando a visão medieval do mundo se enfraqueceu, no século  XVI. Depois de perceber que poderia perseguir a eternidade neste mundo e não no céu, o homem passou a prestar mais atenção em si mesmo − uma onda de autorretratos invadiu a Europa − e nas coisas da natureza. É aí que entram a ciência e, na garupa, o colecionismo.

Na euforia de conhecer a natureza e juntar objetos curiosos, os nobres enviavam marinheiros mundo afora para adquirir tudo que fosse digno de nota. Os portos de Roterdã e Amsterdã enchiam-se de coisas maravilhosas e exóticas. Essas expedições fizeram a Europa conhecer tecnologias diferentes e se modernizar. Sem elas, até mesmo a paisagem de alguns países seria diferente. Destacado para encontrar plantas exóticas pelo planeta para enfeitar o palácio de Buckingham, o jardineiro inglês John Tradescant percorria o mundo em navios caça-piratas no século  XVIII. Na volta levava ao país espécies como a castanha, a tulipa e o limão − além de artigos de vestuário, urnas e o que mais se poderia imaginar.                    

 

1. O texto apresenta

(A)     dúvidas sobre a validade de teorias históricas que tentam esclarecer as origens e as bases psicológicas do hábito, bastante antigo entre os homens, de colecionar objetos.

(B)      crítica, bastante diluída no contexto, que se baseia na inutilidade das coleções, além do gasto de tempo e de dinheiro para desenvolvê-las.

(C)      defesa do costume de se fazerem coleções de objetos variados, hábito cultivado por pessoas célebres, desde a Antiguidade, mas que permanece ainda hoje.

(D)     comentários baseados em estudos psicológicos para justificar a manutenção, na idade adulta, de certos hábitos aceitáveis apenas na infância.

(E)      informações históricas a respeito do hábito de colecionar objetos, com possíveis explicações teóricas sobre ele, além de alguns de seus resultados.

 

2. Resume-se corretamente o que diz o texto da seguinte maneira:

(A)      Coleções de objetos aparentemente sem nenhum valor são passatempo preferido de crianças e adolescentes, inseguros diante do mundo desconhecido.

(B)      A partir do século  XVI marinheiros eram empregados por nobres europeus para encher os portos mais movimentados da época de objetos estranhos e misteriosos.

(C)      Pessoas ricas e influentes cultivaram no passado e cultivam ainda hoje o hábito de colecionar objetos, na tentativa de entender e controlar a natureza.

(D)      Teorias diversas tentam explicar o hábito de colecionar objetos, existente desde a Antiguidade, o que possibilitou o desenvolvimento científico a partir da curiosidade despertada por mundos desconhecidos.

(E)       Historiadores nem sempre atribuem a devida importância ao hábito de manter coleções de objetos variados, por tratar-se de passatempo exclusivo de crianças e de adolescentes.

 

3. A informação referente ao jardineiro inglês  (final do texto) deve ser interpretada, no contexto, como um

(A)   fato que não condiz exatamente com o sentido exposto no parágrafo.

(B)    exemplo que comprova a afirmativa imediatamente anterior a ela.

(C)    destaque da curiosidade que havia no meio da nobreza, na época.

(D)   dado que retoma o assunto mais importante do texto apresentado.

(E)    argumento que invalida, de certa forma, o hábito de colecionar estranhos objetos.

 

4.  − uma onda de autorretratos invadiu a Europa − (3º  parágrafo)

Os travessões isolam, no contexto, segmento que

(A)   associa as referências feitas às coisas da natureza e à ciência.

(B)    contradiz a informação de que a visão medieval do mundo se enfraqueceu.

(C)    antecipa a ideia principal de que  fizeram a Europa conhecer tecnologias diferentes e se modernizar.

(D)   aponta a finalidade da ciência e da arte, no sentido de analisar e conhecer a natureza.

(E)    reforça a afirmativa de que  o homem passou a prestar mais atenção em si mesmo.

 

5. O segmento grifado está substituído pelo pronome correspondente de modo INCORRETO somente em:

(A)   tem justificativas históricas = tem-nas.

(B)    a tomar decisões = a tomá-las.

(C)    para encontrar  plantas exóticas  = para encontrar-lhes.

(D)   para enfeitar  o palácio de Buckingham  = para enfeitá-lo.

(E)    percorria o mundo = percorria-o.

 

6. ... os nobres enviavam marinheiros mundo afora ... (último parágrafo)

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que os do grifado acima está na frase:

(A)        ... todas tratam o colecionismo como algo mais que um simples passatempo de adolescentes.

(B)         Mas não pense que todo colecionador...

(C)         Quem passa da adolescência...

(D)        Os portos de Roterdã e Amsterdã enchiam-se de coisas maravilhosas e exóticas.

(E)         Sem elas, até mesmo a paisagem de alguns países seria diferente.

 

7. A concordância verbo-nominal está inteiramente correta na frase:

(A)    No século  XX, a produção em massa permitiu que objetos, antes de posse restrita a reis, fossem acessíveis a toda a população.

(B)     Sempre existiu colecionadores de objetos, que exerce maior poder de atração sobre pessoas quanto mais estranho ele é.

(C)     No século  XIX, foi dividido as  áreas temáticas da ciência, surgindo então os colecionadores especializados em reunir um único tipo de objetos.

(D)    Permaneceu imutável por séculos as razões que levam algumas pessoas a colecionar objetos, algumas delas de gosto duvidoso.

(E)     O costume de enviar marinheiros pelo mundo para encontrar objetos exóticos mudaram a paisagem de alguns países e modernizaram a Europa.

 

Gabarito:

1.       E  

2.       D 

3.       B 

4.       E 

5.       C 

6.       D 

7.       A 

 

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