Macunaíma - Resumo
Macunaíma nasce e já
manifesta sua principal característica: a preguiça. O herói vive às margens do
mítico rio Uraricoera com sua mãe e seus irmãos, Maanape e Jiguê, numa tribo
amazônica. Após a morte da mãe, os três irmãos partem em busca de aventuras.
Macunaíma encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas. Depois de dominá-la,
com a ajuda dos irmãos, faz dela sua mulher, tonando-se assim imperador do Mato
Virgem.
O herói tem um filho com Ci e
esse morre, ela morre também e é transformada em estrela. Antes de morrer dá a
Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (pedra verde em forma de sáurio), que ele
perde e que vai parar nas mãos do mascate peruano Venceslau Pietro Pietra, o
gigante Piaimã, comedor de gente. Como o gigante mora em São Paulo, Macunaíma e
seus irmãos vão para lá, na tentativa de recuperar a muiraquitã.
Após falhar com o plano de se
vestir de francesa para seduzir o gigante e recuperar a pedra, Macunaíma foge
para o Rio de janeiro. Lá encontra Vei, a deusa sol, e promete casamento a uma
de suas filhas, mas namora uma portuguesa e enfurece a deusa. Depois de muitas
aventuras por todo o Brasil na tentativa de reaver a sua pedra, o herói a
resgata e regressa para a sua tribo.
Ao fim da narrativa, vem a
vingança de Vei: ela manda um forte calor, que estimula a sensualidade do herói
e o lança nos braços de uma uiara traiçoeira, que o mutila e faz com que ele
perca de novo – dessa vez irremediavelmente – a muiraquitã. Cansado de tudo,
Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior.
Análise
A partir dos temas
folclóricos e mitológicos, Mário de Andrade cria uma nova linguagem literária.
Não apenas pelo tema, mas também com o uso de provérbios e tentando
aproximar-se o máximo possível da língua oral. O autor chega a representar uma
"gozação" de Macunaíma à forma culta de falar dizendo que o povo
"fala numa língua e escreve noutra", na "Carta pras
Icamiabas".
A obra tem um aspecto
nacionalista, mas aponta também para os “defeitos” do país. Consegue seguir a
tendência literária mundial, mas imprime um tom nacional e originário. Com
isso, “Macunaíma” torna-se a melhor representação das propostas do Movimento da
Antropofagia (1928), iniciado por Oswald de Andrade, que buscava equiparar a
cultura brasileira às outras culturas de prestígio. O Movimento Antropofágico
tinha como pretensão aproveitar as qualidades de outras culturas, mas
transformá-las em algo verdadeiramente nacional, por isso a metáfora de “comer”
ou “devorar” o que vem de fora.
A descentralização da cultura
é um dos objetivos do Modernismo e pode ser percebida na obra de Andrade. O
autor cumpre com tal corrente ao tratar do nacionalismo em torno do
verde-amarelismo, buscando os motivos indígenas, folclóricos, nativos e
americanos, contra a inspiração nos temas europeus. Macunaíma também apresenta
a “descentralização da cultura” na língua, ilustrando "o vocabulário
regional de todos os pontos do Brasil" com suas frases feitas e provérbios
de propriedade coletiva. Um dos principais valores do livro é exatamente essa
mistura linguística.
Para escrever o livro, foi
preciso que o autor pesquisasse sobre as lendas e mitos indígenas, pois está
presente na obra a linguagem popular e oral de várias regiões do país. Por
isso, Mario de Andrade o chama de rapsódia. E a partir desta descrição
dos mitos presentes no imaginário popular, Mário também inventa, de maneira
irônica, vários mitos da modernidade. O personagem “Macunaíma” serve como alegoria
para sintetizar o caráter brasileiro. Desta forma, podemos reconhecer na obra
uma crítica e uma reflexão sobre o que seria o povo brasileiro: sem um caráter
definido, vivendo em um país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo,
característica que é simbolizada pela cabeça pequena do herói.
Personagens
§
Macunaíma:
é o protagonista do livro, "o herói sem nenhum caráter" e preguiçoso.
Vive numa tribo na Amazônia e assume diversas faces. Ao mergulhar num poço
encantado se transforma em um homem branco, loiro e de olhos azuis.
§ Maanape: um dos irmãos de Macunaíma.
Simboliza a figura do negro.
§ Jiguê: um dos irmãos de Macunaíma. Simboliza
a figura do índio.
§ Sofará: mulher de Jiguê. Era bem moça,
apanhava de Jiguê por ficar “brincando” na mata com Macunaíma enquanto devia
trabalhar.
§ Iriqui: nova mulher de Jiguê. Era linda, mas
também foi deixada por Jiguê quando este descobriu que ela também “brincava”
com Macunaíma.
§ Ci: é a responsável pela peregrinação de
Macunaíma, já que foi ela quem lhe deu a pedra Muiraquitã. Ela foi o verdadeiro
amor de Macunaíma.
§ Capei: uma grande cobra que Macuína teve que
enfrentar.
§ Piaimã: é o gigante que roubou a muiraquitã
de Macunaíma. Torna-se a principal oposição do herói e motivo pelo qual ele
parte em sua jornada para São Paulo. No final, o herói mata Piaimã e toma de
volta a pedra.
§ Vei: é a representação do sol, apesar de ser
mulher. Tem duas filhas e quer que Macunaíma se case com uma delas. Porém
Macunaíma não fica com nenhuma de suas filhas
§
Ceiuci:
mulher do gigante. Era gulosa e já tentou devorar Macunaíma.
Nenhum comentário